05 março 2007

A RTP e o serviço público

Confesso que ainda não perdi um minuto a ver os programas da RTP sobre os grandes portugueses e a eleição do maior português de sempre, até porque as notícias que iam chegando eram suficientes para me manter a milhas de distância. A pré-selecção, as votações telefónicas de valor acrescentado, os defensores de cada um dos “finalistas” – Portas a fazer o elogio de D.João II é uma vergonha para o próprio e para a RTP – a vergonhosa campanha publicitária, eram argumentos mais do que suficientes para desligar de tudo aquilo.

Contudo, não posso deixar de manifestar a minha simpatia com o abaixo-assinado de historiadores de renome, à cabeça dos quais se encontra José Mattoso, que se insurgem contra o populismo e a demagogia do programa, que padece inclusivamente de erros e informações erradas. Não é assim que a RTP contribui para que os portugueses conheçam melhor a sua História. Como diz Pacheco Pereira no “Público”: “isto não tem pés nem cabeça".

Mas a RTP vai de mal a pior e na passada sexta-feira transmitiu na íntegra a gala do 103º aniversário do SL Benfica! Não há decoro nem respeito por aqueles (muitos) que, não tendo alternativa ao serviço público, se vêem obrigados a assistir a um programa de promoção de um clube de futebol, dos seus atletas, das suas cores, do seu emblema, dos seus valores (?), ao bom estilo estalinista de outros tempos e paragens.

Que mais faltará acontecer? Talvez uma finalíssima entre Salazar e Luís Filipe Vieira, presidente do SLB, pela disputa do título de maior português de sempre. A bem da nação!

2 comentários:

M.C.R. disse...

Meu caro: esperar da Televisão bom senso é, permita-me, ingenuidade. A TV quer é vender o produto seja de que maneira for. Vai daí copiou um concurso estrangeiro sem ter os cuidados de verificar que uma cópia pura e simples seria viável por cá. Não é. Não é graças ao analfabetismo militante, graças à incapacidade funcional do telespectador médio e aos pequenos mas organizados grupos de pressão que se formam com o único fim de influenciar viciosamente uma votação.
Um abraço

E o tal jantar?

jcp (José Carlos Pereira) disse...

O jantar é só marcá-lo. Vamos tratar disso.