lembrar
lembro-me do teu rosto
antes de morreres
para o amor.
lembro-me das chamas
crescendo nas tuas palavras,
do teu olhar a dizê-las.
os dias a serem vida,
não tempo.
lembro-me de ti,
impecável nos atos,
distante da sombra
- pura azáfama –
que agora és.
silvia chueire
22 abril 2007
Marcadores: Poesia, Sílvia Chueire
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6 comentários:
“os dias a serem vida,
não tempo”— só isto é um poema.
O tempo é escultor da vida, porque modifica do passado (para a frente) a forma da vida futura. O tempo só aparece depois.
É o sentido da vida que marca o futuro e é quando o futuro se torna presente que se conta o tempo, o passado da vida.
Só a vida soluça a tristeza, fervilha o amor, dá força à esperança, sente como realidade o sonho.
Só na vida os dias são energia. A dor de amar, o calor dum ideal, estão fora do tempo.
O devir que faz o tempo, nada sabe sobre o silêncio do amor, o sofrimento da incompreensão, a revolta da injustiça, o calor da luta por um ideal e, por isso, é indiferente à vida.
O tempo é contínuo, a vida é lugar do provisório, onde se procuram as saídas de que o tempo falará.
O tempo narra a história de muitas estórias que fazem as “saídas”, mas o narrador que se prende ao tempo, só as pode contar. Contar é já lá não estar.
Os contadores de estórias são diletantes, nada sabem da vida. São uns petulantes! Julgam que podem num minuto agarrar a vida dum imenso sentimento, duma profunda tristeza, dum olhar sombrio, duma esperança perdida por não ter um resposta.
Os contadores de estórias deixam perceber a hitória das suas vaidades, mas escondem o que faz a história da vida.
O seu poema é muito lindo!
Belo e pungente, se é que estas palavras vindas de um pobre 2contador de histórias, merecem ser relevadas.
Todos contamos estórias: o problema é o da diferença de natureza entre o contador e o poeta.
Agradeço aos dois. Muito.
Gente que escreve poemas e contadores de histórias. Ouvi dizer que são "primos" com temperamentos diferentes... : )
Abraços,
Silvia
Muito bem! O poema e o resto :-)
«os dias a serem vida»...que bonito...
não posso esquecer...jamais...
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