26 maio 2007

missanga a pataco 12



Fraquinho, fraquinha...


Eu bem tento entusiasmar-me com a Feira do Livro (a do Porto, convém esclarecer...) mas confesso que ontem a expedição correu mal.
Apresentei-me logo pela abertura para evitar o povo ávido de cultura, as criancinhas sedentas de leitura e um tipo que costuma encontrar-me, maravilhar-se com a minha presença, entabular conversa e finalmente sacar-me um empréstimo por conta de um emprego em que vai entrar dali a dias. Tem um estilo extraordinário e uma coragem fora do comum. Eu só o reconheço a meio do show e, nessa altura, fico atrapalhado porque não consigo correr com ele. Normalmente liberto-me com uma pequena dádiva porque de facto não tenho lata para o pôr com dono.
Dizia que a expedição teve fracos resultados porque, sendo um leitor contumaz, começo sempre por dar uma vista de olhos, comprar alguma coisa que me surpreenda, e munir-me dos catálogos que, posteriormente lerei no remanso de uma esplanada ou em casa, anotando futuras compras e certificando-me que não tenho os livros que ambiciono.
E comecemos por aí: algumas das editoras interessantes ainda não tinham catálogos disponíveis. Convenhamos que isto denota uma falta de profissionalismo das gordas. Provavelmente guardaram os poucos catálogos disponíveis para Lisboa e a província que aguente. Se fossem função pública o que não se diria. Mas são empresas privadas e a essas tudo se perdoa...
Segunda observação: os livros do dia são, no mínimo, penosos. Uns monos que nem para assentar uma mesa desequilibrada servem. E o desconto, 20%, não é entusiasmante nos poucos que são menos abortivos.
Terceira observação: a Feira é feita por editoras que, para vender os livros, fazem preços baixíssimos às grandes superfícies ou às principais cadeias livreiras. Mas, mesmo que esqueçamos o desconto imoral que fazem a estes clientes, poder-se-ia pedir que na venda directa fizessem um preço ligeiramente superior ao que fazem aos distribuidores. Ou pelo menos o desconto que se faz aos livreiros e que nunca é inferior a 30%. É que aqui o lucro é imediato, não esperam pelo pagamento 90 ou 120 dias.
10% é o que a FNAC e muitas livrarias nos dão correntemente. Ou seja: não vale a pena ir à feira, perder tempo, sofrer um calor infernal, apanhar encontrões, ser cravado pelo preopinante de que acima falei. O lucro imediato de que já falei permitiria um esforço que parece ninguém está disposto a correr ou a pedir. Depois queixam-se do fraco resultado da feira...
Em suma: se forem à Feira comecem por ler os catálogos porque à vista do público estão os monos a empandeirar depressa ou os livros que “ficam bem” numa estante na sala. Os outros há que procurá-los nas estantes da barraquinha se é que lá estão.

A gravura é apenas a fotografia dos incursionistas presentes no jantar (excelente) do Porto. Da esquerda para a direita: a Guilhermina (o meu olhar) o Joaquim, marido da anterior e incursionista honorário, o José Carlos Pereira (JCP) o “carteiro” (Coutinho Ribeiro agora estabelecido no Anónimo, blog a não perder) , o David Ribeiro (mocho atento) um tipo com uma piada extraordinária e finalmente mcr com menos dez quilos do que no ano passado.

10 comentários:

ferreira disse...

Concordo consigo MCR, a feira do livro não compensa para o leitor comprador.
Quanto ao livro do dia, normalmente, não o queriria nem de borla...é o costume, livros que ninguém lerá.
Amanhã deve ser interessante, o Miguel Torga...
A foto está muito boa, faltam alguns...Deve ter sido uma grande noite, de amigos.
Um abraço,

O meu olhar disse...

Viva MCR,
A foto ficou engraçada. Gostei muito do jantar e de estar convosco. Muito mesmo.
Um abraço

o sibilo da serpente disse...

Temos que fazer mais vezes, mesmo que não seja aniversário. Abraços cr

O meu olhar disse...

Concordo. Temos que marcar. Pode ser que apareçam mais incursionistas. Era óptimo que a Kamikaze pudesse estar na próxima!

Kamikaze (L.P.) disse...

A Kamikaze acabou de ler agorinha mesmo o postal e os comentários, o último acabadinho de colocar.
O postal está um mimo, o que já não surpreende (pois é, MCR, Vexa habituou-nos de tal forma à qualidade dos seus escritos que já a damos por garantida, mais!, já nos achamos com direito a ela, logo nada a agradecer ou elogiar!...)
E a foto... ai a foto! Não fosse eu tão pouco dada à comoção fácil, para mais pública, e escreveria que me tinha emocionado, ao ver o simpático, inteligente e divertido grupo de resistentes incursionistas e eu tão longe, tão longe de tudo, a cabeça ainda e hoje ainda mais na estratoesfera, que até no melhor pano ... Mas talvez isso mesmo desculpe a fragilidade de aqui vir, afinal, dizer mesmo que gostei muito emocionadamente de vos ver aqui hoje, sem aviso, e como gostava que todos pudessemos partilhar mais, ao vivo e na escrita, tudo o que faz destes incursionitas umas pessoas tão especiais.

Kamikaze (L.P.) disse...

Adenda: para temperar o tom lamechas do anterior comentário (abomino tudo o que seja lamchice, grrrr!), pergunto agora ao MCR, de novo já muito terra-a-terra: tem ponderado a sugestão feita (por escrito e pessoalmente em Matosinhos), quanto a eventuais alterações ao formato dos seus posts? Há vários peticionáris ... :)

Kamikaze (L.P.) disse...

Quanto às Feiras do Livro: conheci a do Porto no ano passado e conseguia ser ainda pior que a de Lisboa! Hoje foi a esta mesma e corroboro tudo o que Vexa escreveu acima. Vai daí, é para já (*) - os preços dos livros de O Mundo em Gavetas vão ter uma mais sigificativa redução quando encomendados directamente à Editora - e não só no período de duração das Feiras!

(*) "para já" equivale a dizer quando o administrador do site finalmente puder actualizá-lo (espero que o mais tardar 2ª f), pois a ideia já por aqui surgira, meu caro :)

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Caro MCR, concordo em absoluto com o que escreveu sobre a feira do livro. Tanto que ultimamente nem lá tenho posto os pés.
Quanto ao jantar, foi agradabilíssimo. E concordo plenamente que devemos repetir estes encontros com mais assiduidade.
Um abraço a todos

M.C.R. disse...

Kami
já nem sei o que combinei. diga lá que se for coisa factível, cá estou.

Silvia Chueire disse...

Tantos dias sem andar por aqui. Agora só me resta desculpar-me.

E ter saudades de vocês...

Beijos,
Silvia