Um blues a dois
Nós fingimos muito bem.
Tu enrugas tua face filosófica
e pareces questionar a existência do mundo.
E eu sorrio e converso contigo.
A tristeza não é um espetáculo público,
pertence à nossa intimidade
e nela nos entendemos.
Posso então falar-te à vontade
e choro e te preocupas. Eu sei,
mesmo que nada digas,
afora lamberes-me as mãos
e me olhares com o teu olhar canino
agudamente.
Ambos sabemos o que nos entristece,
o que te preocupas por mim.
Ambos sabemos da tristeza mútua
e nos olhamos com respeito,
Mesmo que eu às vezes insista :
- Diga algo!
E tu me olhes perplexo,
porque querias tanto fazê-lo.
E amas-me e sabes que te amo.
O que não sabemos é que é a nossa questão.
E nós pensamos muito.
A cidade amanhece e estamos insones.
Um blues ia bem,
um dia aprenderás.
Silvia Chueire
29 maio 2007
Marcadores: Poesia, Sílvia Chueire
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
Olá Sílvia,
Olhe que eu acho que ele não vai aprender… :)
Como se chama o seu cão? Mete respeito.
Um abraço
O seu cão tem um ar parecido com o meu (com o meu, mesmo, não o do meu cão, que não tenho) :-)
Olá, o meu olhar !
Chama-se Bob, o cão. Mete respeito, não é. E no entanto é um doce.Calmo e reflexivo . : )
Ainda tenho esperanças que aprenda a gostar de blues e atrevo-me a dizer que vi alguns sinais disso.
Um abraço grande,
Silvia
Carteiro,
Então você tem o mesmo ar do Bob? Ri-me. : )
Mete respeito e filosofa, mas é um doce? : )
Pois, tudo isso, precisamente :-)
mcr passou, leu e apreciou. quer o cão quer o poema.
Enviar um comentário