Já aqui tinha sido referida a demissão da directora do Museu Nacional de Arte Antiga. Há poucos dias, Dalila Rodrigues, enquanto estuda com os seus advogados se deve intentar uma acção contra o Estado pela forma como terminou a sua comissão de serviço, pesando nomeadamente os prejuízos causados pelo facto de ter vendido a sua casa em Viseu e comprado uma nova em Lisboa e agora ter de regressar a Viseu para as suas funções docentes no politécnico local (!), recebeu no museu o líder do PSD, Marques Mendes, para criticar o Governo pelas opções tomadas. Sim, porque Mendes não foi lá ver os painéis de S. Vicente...
Em plena campanha interna no PSD, Dalila Rodrigues e Marques Mendes deram um péssimo exemplo do sentido de Estado que se exige a um alto funcionário da Administração, ainda que demitido da sua função e a poucos dias de terminar o mandato, e ao líder do maior partido da oposição.
Pacheco Pereira analisou assim o assunto no seu Abrupto: “Em toda a campanha interior do PSD deve estar presente que um candidato a dirigente do PSD é um candidato a Primeiro-ministro. Marques Mendes, no seu "passeio" pelo Museu Nacional de Arte Antiga, esqueceu-se disso porque foi dar caução a um acto que é inadmissível numa funcionária pública no exercício das suas funções. Esta é uma questão de Estado, que já o presidente da República tratou com pouco cuidado.Ao fazer o que fez (e já antes em várias alturas tinha procedido igualmente mal), Dalila Rodrigues colocou-se numa situação insustentável. Não é suposto uma funcionária pública abandonar o dever de lealdade e isenção e, se queria fazer o que fez, poderia muito bem fazê-lo noutra condição, noutro estatuto, de outra maneira. Tudo aquilo era possível, com Marques Mendes visitando o Museu ao lado de Dalila Rodrigues, ambos como cidadãos e políticos, no pleno exercício dos seus direitos, criticando o Governo como entendessem, mas Dalila Rodrigues não poderia estar ali como directora do Museu, mesmo demissionária, nem poderia colocar-se ao lado do líder da oposição na casa do Estado que gere, para atacar o Governo legítimo do seu país. Insisto: é uma questão de Estado.”
Subscrevo por inteiro.
3 comentários:
O aproveitamento político do caso da ex-funcionária do MNAA e outros que têm sido notícia são bons exemplos de como a política bateu no fundo. Marques Mendes tem sido um actor bem activo deste modo de fazer política. Infelizmente a ex-directora do MNAA participou nesse jogo de mediatização, o que é pena.
A ida de Marques Mendes ao MNAA e as declarações da sua Directra não foram correctas mas destacar apenas esse facto da actuação de Dalida Rodrigues como Directora do MNAA, referindo a sua participação no jogo de mediatação também não é correcto. As situações de desperdício de dinheiros públicos sem o mínimo de critérios de gestão tem de ser referido para o cidadão comum se aperceber que a cultura diz respeito a todos e que o Governo tem de actuar rapidamente neste domínio.
confesso que gostaria de estar de acordo com tudo mas não posso. começando pelo óbvio: o sentido de Estado, expressão que me parece gasta até ao cotão por toda a gente que a brande. Para mim, sentido de Estado começa logo por essa coisa mínima: elegancia. Nem o governo foi elegante com Dalila nem esta respondeu com elegancia.
Depois há uma segunda questão: que vale despedir um alto funcionário a dois ou três meses do fim do seu mandato. Será para lhe pagar uma indemnização? alguém teve o bom senso de chamar a senhora directora, cujasd opiniões eram, aliás conhecidas de sobejo, para ter com ela a conversa que um director geral merece e um ministro deve por força levar a cabo?
depois da guerra declarada, Dalila resolveu contra-atacar. muito bem. como? Convidando Mendes! muito mal. E mais ridiculamente. Estamos de facto a atravessar uma época de mau gosto, de desconsideração, de patetice que envergonha toda a gente: mandantes e mandados. A latere, agora parece que muito boa genter que andou muda, resolveu, subitamente, arrear em Dalila. Seria bom que criticassem os seus pontos de vista museológicos e cientificos. Infelizmente, preferiram os combates fáceis. assim perdemos todos.
Enviar um comentário