Não sou eu quem escreve isto. É a minha mão puxada pela maldosa Kamikaze.
Pois é leitorinhas gentis e leitores mal avisados que gastam o precioso tempo a ler-me. O que vale é que esse sacrifício dá desconto nos pecados. Quando chegar a hora do “mane, tekel, phares”, essa medonha frase que o rei Baltazar viu escrita a sangue nas paredes do palácio (frase que dizem significa: contado, pesado e dividido) podem vocês apontar para desconto de imensos e capitais pecados, pecadilhos, maus pensamentos e piores acções, o facto de terem, com peregrina paciência, aturado mcr.
Todavia este texto não conta, ou conta apenas em 5%, porque é a Kami que o origina, que o provoca, que me esporeia o costado mais gordo do que devia, e eu apenas dou forma (aliás fraca) ao mundo de maldosas intenções que essas praias brasileiras e essas livrarias pecaminosas do Rio de Janeiro provocaram na mente febril e contumaz duma bonita senhora (aliás duas que a Sílvia também é culpada). Eu, estava no Porto, numa esplanada à beira mar a ver passar as virgens ao sol nascente, ou na minha zona numa esplanada frente a um jardim onde criançada e cães doidos correm que se fartam e me cansam só de os ver.
Neste momento estou numa outras esplanada diante de um “demi” (Heineken?, pergunta-me a empregada buliçosa e decotada, benza-a Deus!, “ça va...” respondo mirando o óbvio, aliás os óbvios, pecado meramente venial porque não estou a espreitar mas simplesmente a ver o que se não esconde, ((tás a perceber, Manuel Sousa Pereira, escultor descarado e mui dado ao sexo frágil?)) e a tentar levar esta carta a Garcia por intermédio de um velho computador, o nunca assaz celebrado IBook G4 que é óptimo para viagem: se o roubarem roubam uma relíquia com a bateria num estado catatónico – se calhar ainda lhe compro uma nova, o que é um desperdício porque o valor comercial não ultrapassa o preço da citada bateria, mas eu sou assim, um sentimental baboso e reconhecido ).
Intervalo: os leitores inteligentes, das leitoras nem falo, já perceberam que voltei a recair no pecado velho e relho de me perder por meandros desconexos mas que querem? Isto é defeito de fabrico, vício redibitório que só a maligna curará ainda que radicalmente. E, ainda por cima, há dois ou três abencerragens que me lêem e gostam destes desvios. Tresleram, não há dúvida, também não batem bem da caixa.
Voltando, pois, á encomenda da administradora do blog. As frasezinhas encontradas numa livraria do Rio do pecado, perdão de Janeiro: O respeitável senhor Foucault, que não é recomendável para ninguém, e de quem apenas li um livro sobre a loucura na época clássica ou algo semelhante, estou a 1800 quilómetros das estantes de casa e não me apetece ir à internet só por isso, terá dito que “o saber dá tesão”. Dá quando dá, homessa! Às vezes se um cavalheiro soubesse (idem para uma dama, julgo) o que ocorreria depois de um engate à má fila, numa discoteca, num bar em que o barulho das luzes disfarça tudo, inclusive a voz da contrincante (e voz como se verá tem importância) como é que as coisas se iriam previsivelmente passar na horizontal, pensam que o assunto evoluiria para, digamos, “uma forma superior de luta”? O meu amigo António Carlos contou-me uma aventura com uma rapariga (ele, já em idade canónica, diz sempre com um brilho saudoso no olhar, uma “miúda”!...)que quando resolveu dizer qualquer coisa já os preliminares iam em velocidade de cruzeiro, o fez numa voz de cana rachada que funcionou como um balde água gelada, com as consequências que se adivinham: homem ao mar, naufrágio total, enfim o que quiserem. E depois?, perguntei-lhe. “assobiei para o lado falei dum remédio que estava a tomar e fui a uma farmácia de serviço comprar tampões para os ouvidos”, respondeu-me o salafrário. E avisou-me para não comprar de uma determinada marca, por demasiado finos.
A segunda hipótese que a frase me sugere, prende-se com a minha agitada juventude: de vez em quando a rapaziada metia-se numa sarrafusca política e a polícia comparecia em força para nos acertar o passo. Nós, claro, sabíamos que a bófia vinha, e que vinha com más intenções, aliás bastava olhar para os calmeirões da polícia de choque para perceber que nada seria nunca possível, sequer um cumprimento, “olá pá, tás bom?”. Ora esse saber, de experiência feito como dizia o imortal zarolho, nunca, por nunca, me fez subir os humores se é que me entendem. Aí vem a pasma. E zás toca de dar às de vila Diogo com os sacanas atrás de chanfalho em riste. Pobres lombos, os nossos... Juro que, quando metaforicamente lambíamos as feridas, não era em erecções que pensávamos mas em vinganças tremendas onde eros estava ausente e o thanatos presente.
Nada iguala o frisson da ignorância, o temor, o risco, o prazer da aventura diga Foucault o que disser. A tesão ou o tesão, pouco me importa, são as feronomas, a imaginação desbragada, as mulheres (falo por mim) que a dão. O saber fica para depois. E nem sequer vale o mesmo que a memória.
Dito isto, cumpre passar ao velho Frederico, o que mandava que cuidássemos de nós próprios. Ora aí está. Nietzsche pode ter morrido doido mas nisto estava mais que certo. Se não cuidarmos de nós quem cuida? A polícia? (e ele a dar-lhe!...) o camarada Sócrates? O FMI? Chiça! Longe vá o agoiro. Deixemos para os tontos essa ideia de que alguém cuida de nós, que alguém governa sabiamente e só para o nosso bem e lembremo-nos que o homem é a medida de todas as coisas e que os homens providenciais são a desgraça de todas as outras, homens incluídos. Nietzsche, esse luminoso pensador, que sofreu a maldição de ser mal lido e mal interpretado por um bando de gauleiters do pensamento mesquinhos e ignorantes diz-nos muito simplesmente que a liberdade tem de ser usada pelo seu detentor e não é passível de empréstimo.
E Epicuro ainda se despacha mais depressa. Não que não merecesse um longo comentário mas isso redundaria num desnecessário sofrimento (que ele pretende acabar) aos leitores que só começaram a ler isto porque lhes cheirou a malandrice. Pois que se fiquem com o cheiro porque eu, por minha parte, começo a libertar-me da perniciosa influência de Madame Kamikaze, vê-se que o estar longe tem as suas vantagens. E uma desvantagem: por uma vez que poderia escrever um texto fortemente afrodisíaco e afinal... “tanto barulho para nada” como diria o cavalheiro de Stratford upon Avon. É o que se passa sempre que um cavalheiro de idade respeitável se arma em garnizé.
sobre citações de Epicuro, Nietzsche, Foucault, Shakespeare e Lenine. E com uma fotografia de Doisneau, o magnifico: músico à chuva numa ponte de Paris
Todavia este texto não conta, ou conta apenas em 5%, porque é a Kami que o origina, que o provoca, que me esporeia o costado mais gordo do que devia, e eu apenas dou forma (aliás fraca) ao mundo de maldosas intenções que essas praias brasileiras e essas livrarias pecaminosas do Rio de Janeiro provocaram na mente febril e contumaz duma bonita senhora (aliás duas que a Sílvia também é culpada). Eu, estava no Porto, numa esplanada à beira mar a ver passar as virgens ao sol nascente, ou na minha zona numa esplanada frente a um jardim onde criançada e cães doidos correm que se fartam e me cansam só de os ver.
Neste momento estou numa outras esplanada diante de um “demi” (Heineken?, pergunta-me a empregada buliçosa e decotada, benza-a Deus!, “ça va...” respondo mirando o óbvio, aliás os óbvios, pecado meramente venial porque não estou a espreitar mas simplesmente a ver o que se não esconde, ((tás a perceber, Manuel Sousa Pereira, escultor descarado e mui dado ao sexo frágil?)) e a tentar levar esta carta a Garcia por intermédio de um velho computador, o nunca assaz celebrado IBook G4 que é óptimo para viagem: se o roubarem roubam uma relíquia com a bateria num estado catatónico – se calhar ainda lhe compro uma nova, o que é um desperdício porque o valor comercial não ultrapassa o preço da citada bateria, mas eu sou assim, um sentimental baboso e reconhecido ).
Intervalo: os leitores inteligentes, das leitoras nem falo, já perceberam que voltei a recair no pecado velho e relho de me perder por meandros desconexos mas que querem? Isto é defeito de fabrico, vício redibitório que só a maligna curará ainda que radicalmente. E, ainda por cima, há dois ou três abencerragens que me lêem e gostam destes desvios. Tresleram, não há dúvida, também não batem bem da caixa.
Voltando, pois, á encomenda da administradora do blog. As frasezinhas encontradas numa livraria do Rio do pecado, perdão de Janeiro: O respeitável senhor Foucault, que não é recomendável para ninguém, e de quem apenas li um livro sobre a loucura na época clássica ou algo semelhante, estou a 1800 quilómetros das estantes de casa e não me apetece ir à internet só por isso, terá dito que “o saber dá tesão”. Dá quando dá, homessa! Às vezes se um cavalheiro soubesse (idem para uma dama, julgo) o que ocorreria depois de um engate à má fila, numa discoteca, num bar em que o barulho das luzes disfarça tudo, inclusive a voz da contrincante (e voz como se verá tem importância) como é que as coisas se iriam previsivelmente passar na horizontal, pensam que o assunto evoluiria para, digamos, “uma forma superior de luta”? O meu amigo António Carlos contou-me uma aventura com uma rapariga (ele, já em idade canónica, diz sempre com um brilho saudoso no olhar, uma “miúda”!...)que quando resolveu dizer qualquer coisa já os preliminares iam em velocidade de cruzeiro, o fez numa voz de cana rachada que funcionou como um balde água gelada, com as consequências que se adivinham: homem ao mar, naufrágio total, enfim o que quiserem. E depois?, perguntei-lhe. “assobiei para o lado falei dum remédio que estava a tomar e fui a uma farmácia de serviço comprar tampões para os ouvidos”, respondeu-me o salafrário. E avisou-me para não comprar de uma determinada marca, por demasiado finos.
A segunda hipótese que a frase me sugere, prende-se com a minha agitada juventude: de vez em quando a rapaziada metia-se numa sarrafusca política e a polícia comparecia em força para nos acertar o passo. Nós, claro, sabíamos que a bófia vinha, e que vinha com más intenções, aliás bastava olhar para os calmeirões da polícia de choque para perceber que nada seria nunca possível, sequer um cumprimento, “olá pá, tás bom?”. Ora esse saber, de experiência feito como dizia o imortal zarolho, nunca, por nunca, me fez subir os humores se é que me entendem. Aí vem a pasma. E zás toca de dar às de vila Diogo com os sacanas atrás de chanfalho em riste. Pobres lombos, os nossos... Juro que, quando metaforicamente lambíamos as feridas, não era em erecções que pensávamos mas em vinganças tremendas onde eros estava ausente e o thanatos presente.
Nada iguala o frisson da ignorância, o temor, o risco, o prazer da aventura diga Foucault o que disser. A tesão ou o tesão, pouco me importa, são as feronomas, a imaginação desbragada, as mulheres (falo por mim) que a dão. O saber fica para depois. E nem sequer vale o mesmo que a memória.
Dito isto, cumpre passar ao velho Frederico, o que mandava que cuidássemos de nós próprios. Ora aí está. Nietzsche pode ter morrido doido mas nisto estava mais que certo. Se não cuidarmos de nós quem cuida? A polícia? (e ele a dar-lhe!...) o camarada Sócrates? O FMI? Chiça! Longe vá o agoiro. Deixemos para os tontos essa ideia de que alguém cuida de nós, que alguém governa sabiamente e só para o nosso bem e lembremo-nos que o homem é a medida de todas as coisas e que os homens providenciais são a desgraça de todas as outras, homens incluídos. Nietzsche, esse luminoso pensador, que sofreu a maldição de ser mal lido e mal interpretado por um bando de gauleiters do pensamento mesquinhos e ignorantes diz-nos muito simplesmente que a liberdade tem de ser usada pelo seu detentor e não é passível de empréstimo.
E Epicuro ainda se despacha mais depressa. Não que não merecesse um longo comentário mas isso redundaria num desnecessário sofrimento (que ele pretende acabar) aos leitores que só começaram a ler isto porque lhes cheirou a malandrice. Pois que se fiquem com o cheiro porque eu, por minha parte, começo a libertar-me da perniciosa influência de Madame Kamikaze, vê-se que o estar longe tem as suas vantagens. E uma desvantagem: por uma vez que poderia escrever um texto fortemente afrodisíaco e afinal... “tanto barulho para nada” como diria o cavalheiro de Stratford upon Avon. É o que se passa sempre que um cavalheiro de idade respeitável se arma em garnizé.
sobre citações de Epicuro, Nietzsche, Foucault, Shakespeare e Lenine. E com uma fotografia de Doisneau, o magnifico: músico à chuva numa ponte de Paris
Sem comentários:
Enviar um comentário