05 dezembro 2007

Au Bonheur des Dames 102


Vexata quaestio

O meu amigo João Vasconcelos Costa, reconhecido gourmet, cozinheiro de mão cheia (coisa que sofre uma reticência: ainda não provei petisco feito por ele...) e especialista em bichezas raras, maldosas e pequeninas, vulgo vírus & similares, mete-se muito comigo sobre o título desenfadado desta série. Au Bonheur des Dames faz-lhe espécie: ele acha-me um Barba-Azul casposo, aflito com a idade e libertino até dizer basta.
Convém esclarecer o ilustre açoriano (o homem é açoriano de Ponta Delgada, imaginem. O que eu não seria capaz de bordar à volta disto...) que “Au Bonheur... “ é obviamente o título de um dos volumes dos “Rougon Macart” do grande e esquecido Emile Zola. Duvido que tenha sido traduzido em português, o que é uma pena e uma perda para leitores menos atentos.
Eu esqueci-me de referir o facto quando há dias publiquei a 101ª edição destas crónicas que se pretendem amáveis e ligeiras. Ou melhor, achei que nem valia a pena, citar o ilustre autor do “J’Accuse”, peça clássica e memorável do chamado “comprometimento” intelectual. Zola, com esse texto, arriscou muito, se é que não arriscou a vida: há quem diga que morreu assassinado e por mão política e anti-semita.
Aqui fica a reparação. A Zola o que é de Emile.
Mas o titulo, de tão bom que é, tem utilizações diversas. Ele há filmes, obviamente tirados do livro, lojas (como a de Lisboa) cabarets, outros blogs (ou pelo menos assim sub-titulados) etc...
Só para o João aqui vai portanto uma referência a uma das utilizações: “soirées” no famoso club “Régine” só para mulheres!!!
Isto é para não me chamarem anti-feminista....


*na gravura: fotografia de um grupo de gentis senhoras da melhor sociedade parisiense numa soirée só para mulheres no "Régine".

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