Amado pelos deuses escuros, pela voz do tambor, pelos animais que povoam uma floresta de sonhos, uma savana francesa e marítima, era o homem que representava a ligação possível da francofonia.
Aimé Césaire morre aos 94 anos depois de uma vida intensa de combates, de glória e de reconhecimento nacional e internacional.
Por cá, e como de costume, pouco, ou nada, há dele. Tenho aqui um exemplar do “Discurso sobre o Colonialismo” editado em 1971, por uns “Cadernos para o diálogo” (Porto), coisa que tresanda a clandestino, claro. Por essa altura, também a “D. Quixote” da Snu Abecassis (e do Nelson de Matos se bem recordo) tinha publicado uma “antologia poética”. Gente boa, gente culta, gente séria aquela gente quixotesca. Agora o que resta é uma coisa chamada “Leya” que, posso estar enganado –e se estiver aqui darei a mão à palmatória – não publicaria de certeza um poeta da negritude, subversivo e da Martinica. Feitios!...
Leitoras e leitores, gentis e amáveis, leiam-me o Césaire, por favor. Está todo (ou quase...) na Gallimard, na prestigiosa colecção “Poésie”. E digo quase todo porque, também á minha frente, está uma bela edição do “cahier d’un retour au pays natal” (bilingue, francês e inglês) com um prefácio sumamente elogioso de André Breton (e o “Velho” podia ter muitos defeitos mas sabia ler bem, muito bem, mesmo) que traz a chancela da “Présence Africaine”. Também é verdade que esta edição (edição definitiva!) é de 1971 (ai que velho que estou!...)
Deixo em baixo um pequeno excerto desse espantoso poema. Ainda pensei em traduzi-lo mas vocês sabem de certeza o francês suficiente para o ler. E as palavras que vos faltarem, tentem dizê-las alto que a sua própria, intrínseca, música vos mostrará o caminho. Boa leitura!
Hoje, 17 de Abril faz 39 anos que um escasso milhar de estudantes de Coimbra (depois haveriam de ser muitos, muitos mais), mostrou à cidade e ao país que é possível resistir ao autoritarismo e à violência institucional. A greve universitária de Coimbra de 1969 durou meses e, pela primeira vez ma história do movimento estudantil português, redundou numa vitória: ministro para a rua (um tal Saraiva que papagueia na televisão), Reitor para rua, épocas especiais de exames, regresso a Coimbra e à Universidade de todos os estudantes suspensos e chamados para a tropa, arquivamento dos processos levantados pela polícia. Para os meus camaradas desse tempo (alguns deles leitores sofridos destas crónicas) um abraço e a certeza de que o Aimé Césaire teria apreciado o nosso esforço. E isso, para mim, é suficiente.
Aimé Césaire morre aos 94 anos depois de uma vida intensa de combates, de glória e de reconhecimento nacional e internacional.
Por cá, e como de costume, pouco, ou nada, há dele. Tenho aqui um exemplar do “Discurso sobre o Colonialismo” editado em 1971, por uns “Cadernos para o diálogo” (Porto), coisa que tresanda a clandestino, claro. Por essa altura, também a “D. Quixote” da Snu Abecassis (e do Nelson de Matos se bem recordo) tinha publicado uma “antologia poética”. Gente boa, gente culta, gente séria aquela gente quixotesca. Agora o que resta é uma coisa chamada “Leya” que, posso estar enganado –e se estiver aqui darei a mão à palmatória – não publicaria de certeza um poeta da negritude, subversivo e da Martinica. Feitios!...
Leitoras e leitores, gentis e amáveis, leiam-me o Césaire, por favor. Está todo (ou quase...) na Gallimard, na prestigiosa colecção “Poésie”. E digo quase todo porque, também á minha frente, está uma bela edição do “cahier d’un retour au pays natal” (bilingue, francês e inglês) com um prefácio sumamente elogioso de André Breton (e o “Velho” podia ter muitos defeitos mas sabia ler bem, muito bem, mesmo) que traz a chancela da “Présence Africaine”. Também é verdade que esta edição (edição definitiva!) é de 1971 (ai que velho que estou!...)
Deixo em baixo um pequeno excerto desse espantoso poema. Ainda pensei em traduzi-lo mas vocês sabem de certeza o francês suficiente para o ler. E as palavras que vos faltarem, tentem dizê-las alto que a sua própria, intrínseca, música vos mostrará o caminho. Boa leitura!
Hoje, 17 de Abril faz 39 anos que um escasso milhar de estudantes de Coimbra (depois haveriam de ser muitos, muitos mais), mostrou à cidade e ao país que é possível resistir ao autoritarismo e à violência institucional. A greve universitária de Coimbra de 1969 durou meses e, pela primeira vez ma história do movimento estudantil português, redundou numa vitória: ministro para a rua (um tal Saraiva que papagueia na televisão), Reitor para rua, épocas especiais de exames, regresso a Coimbra e à Universidade de todos os estudantes suspensos e chamados para a tropa, arquivamento dos processos levantados pela polícia. Para os meus camaradas desse tempo (alguns deles leitores sofridos destas crónicas) um abraço e a certeza de que o Aimé Césaire teria apreciado o nosso esforço. E isso, para mim, é suficiente.
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