Isto da internet sem fios está que ferve! À cautela trouxe o computador mas sem grande esperança de o conseguir conectar ao escasso grupo de leitorinhas gentis que me aturam. O hotel, hotel modesto, entenda-se mas absolutamente no centro de tudo, não tinha ar de ter internet. Pelo sim pelo não liguei o honrado modem fornecido (pagantibus!) pela Vodafone e lancei-me ao desconnecido. Milagre de São Marcello, Papa e mártir que se venera numa bela igreja em plena via del Corso, na praça, obviamente, de S. Marcello: após um bom número de piscadelas eis que me aparece a ligação. Alguém aqui nas redondezas está a pagar esta piratagem. Como por cá se diz “ho fatto il portughese”. Ou seja entrei á borla na internet de alguém. Ou como também se diz: em Roma sê romano.
E que faz um romano de fresca data (mesmo se apoiado pelo poderoso nome de Marcelo que já Virgílio cantou na Eneida (“tu eris Marcellus”) em Roma num domingo. Pois à cautela lembra-se de ir mostrar à CG (a noviça nesta cidade) a zona da Piazza di Spagna e adjacências luxuosas e sumptuosas. Não há perigo que é domingo pensei. Lojas fechadas, quanto muito apanho umas horas a ver montras.
Engano fatal, manas! Engano horrível, irmãos meus com mulher amantíssima a tiracolo: tutto aperto! Das 10 da matina até às dez da noite!
Então e o Papa? E a Igreja? E o dies domini? Nada! Niente! A via dei Condotti parecia a via dolorosa. A CG uivava como uma matilha de lobas antigas e romanas. Saltava de um lado para o outro da rua, de Gucci para Valentino de não sei quantos para não sei quem!
Chegámos esfalfados à piazza de S. Marcello já era meio dia. Um sol abrasador. A Igreja fechada! O Panteão cheio de povo, uma milagrosa e enorme Feltrinelli aberta: meu Deus dos livreiros, que coisa linda. Comprei só para vos fazer inveja os nove volumes do Inferno de Dante ditos e filmados pelo Benigni (cem brasas!, toma que já bebeste!): eu vira-os na RAI I e ficara esmagado. O raio do Benigni é cá um actor. E explica cada passo, cada referência diante de um público entusiasta e atento. Saia um Benigni para Camões. Saia um leitor comentador para esses “Lusíadas” imenso. Juro que Camões ressuscitava!
E comprei duas edições pequeninas da Divina Comedia e do Canzoniere de Petrarca. Só para ir lendo pela rua se me apetecer.
Também vinha por discos da Anna Identici, uma cantora fabulosa dos sessenta. Má sorte teve que, depois de prémios vários, S Remo incluído, se pôs a cantar coisas populares e feministas depois do sessenta e oito.
Dimenticata, disse-me o vendedor da Feltrinelli. Dimenticassima!, corrigi. Assolutamente, respondeu. Mas encontri um único exemplar dos “I Sucessi”. Mas não desisto. Hoje também é dia. E amanhã. E depois.
O que não há é o filme “Estate violenta” de Zurlini. Saiu em França mas cá, nada! Ah, estes italianos...
Em Roma sê romano. Dormimos uma sesta gorda que na rua como se dizia, à hora da calma só os cães e os franceses.
Hoje vou pilotar a CG pelas ruínas romanas. E almoçar no Trastevere. Depois conto.
*Igrreja de S Marcello
E que faz um romano de fresca data (mesmo se apoiado pelo poderoso nome de Marcelo que já Virgílio cantou na Eneida (“tu eris Marcellus”) em Roma num domingo. Pois à cautela lembra-se de ir mostrar à CG (a noviça nesta cidade) a zona da Piazza di Spagna e adjacências luxuosas e sumptuosas. Não há perigo que é domingo pensei. Lojas fechadas, quanto muito apanho umas horas a ver montras.
Engano fatal, manas! Engano horrível, irmãos meus com mulher amantíssima a tiracolo: tutto aperto! Das 10 da matina até às dez da noite!
Então e o Papa? E a Igreja? E o dies domini? Nada! Niente! A via dei Condotti parecia a via dolorosa. A CG uivava como uma matilha de lobas antigas e romanas. Saltava de um lado para o outro da rua, de Gucci para Valentino de não sei quantos para não sei quem!
Chegámos esfalfados à piazza de S. Marcello já era meio dia. Um sol abrasador. A Igreja fechada! O Panteão cheio de povo, uma milagrosa e enorme Feltrinelli aberta: meu Deus dos livreiros, que coisa linda. Comprei só para vos fazer inveja os nove volumes do Inferno de Dante ditos e filmados pelo Benigni (cem brasas!, toma que já bebeste!): eu vira-os na RAI I e ficara esmagado. O raio do Benigni é cá um actor. E explica cada passo, cada referência diante de um público entusiasta e atento. Saia um Benigni para Camões. Saia um leitor comentador para esses “Lusíadas” imenso. Juro que Camões ressuscitava!
E comprei duas edições pequeninas da Divina Comedia e do Canzoniere de Petrarca. Só para ir lendo pela rua se me apetecer.
Também vinha por discos da Anna Identici, uma cantora fabulosa dos sessenta. Má sorte teve que, depois de prémios vários, S Remo incluído, se pôs a cantar coisas populares e feministas depois do sessenta e oito.
Dimenticata, disse-me o vendedor da Feltrinelli. Dimenticassima!, corrigi. Assolutamente, respondeu. Mas encontri um único exemplar dos “I Sucessi”. Mas não desisto. Hoje também é dia. E amanhã. E depois.
O que não há é o filme “Estate violenta” de Zurlini. Saiu em França mas cá, nada! Ah, estes italianos...
Em Roma sê romano. Dormimos uma sesta gorda que na rua como se dizia, à hora da calma só os cães e os franceses.
Hoje vou pilotar a CG pelas ruínas romanas. E almoçar no Trastevere. Depois conto.
*Igrreja de S Marcello
1 comentário:
Dei boas gargalhadas com a história do comércio aberto aos domingos. Que bom para a CG ! : )
Vocês devem ter achado tão interessantes as ruínas, tenho histórias delas para contar, principalmente se se anda por lá com aqueles aparelhos de audio-guias ao ouvido, com a narração dramatizada.
" Cesare é morti!" diz o narrador (e respondem na gravação as vozes da povo) quando nos encontramos em frente à escadaria (o que resta dela) do Forum Romano. Arrepiante...
Aproveitem bem! : )
Abraços,
Silvia
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