27 maio 2008

Au Bonheur des Dames 124


Vacanze romane


Às vezes pergunto-me se vale a pena viajar. Eu gosto de Roma, foi amor à primeira vista vai para trinta e muitos anos. Voltei aqui mais três ou quatro vezes, a última há já catorze anos. Algo mudou. Eu mudei e de que maneira. A cidade também. Há mais turistas, mais obras nas ruas, que continuam, há que dizê-lo, tão esburacadas como sempre. Metade da Roma romana está fechada para novas escavações, para obras de reabilitação, para sei lá o quê... Pessoalmente não me afecta mas a pobre da CG ainda pouco conseguiu ver: a Domus Áurea só com pré-marcação e já não há para esta semana. O Coliseu tinha uma bicha quilométrica e os grupos com guia passavam á frente. Aso fim de um quarto de hora a bicha parecia ainda maior pelo que desistimos.
Quando pensei nesta viagem achei que não convinha vir na Quaresma nem na Páscoa por motivos óbvios mas que este fim de Maio era boa altura. Pelas minhas contas, o calor não apertaria e os turistas seriam em dose decente. Erro fatal! Está um calor de assar um cristão mesmo ateu como eu e os turistas (e eu também o sou) avançam em batalhões, regimentos, divisões, exércitos cerrados...
Já estou em programas alternativos e penso mesmo em deixar o Vaticano para o um futuro pino do Inverno. Duvido que valha a pena o esforço. Em contrapartida há exposições magníficas e essas não parecem ser alvo de demasiada procura. E dentro dos museus onde ocorrem está fresquinho...
Como estava fresquinho dentro de uma bela loja a que não resisti: lá merquei umas camisas de linho, deste linho que pede meças ao irlandês.Ai o consumismo... Tu quoque, Marcellus? Mas as camisas são lindíssimas. E depois já passei por umas gravatinhas... E a CG que morre por estas coisas, insidiosa: compre, olhe que depois arrepende-se por não ter comprado. A qualidade é boa, os preços uma tentação...
Ah, o diabo em forma de mulher é tão convincente. E nós homens somos tão fracos...
E agora o nosso minuto político: o novo síndaco de Roma um cavalheiro com o evocativo nome de Allemano, resolveu andar pelas zonas onde houve ataques xenófobos a consolar as vítimas. E a dizer que a culpa do racismo “rampante” é da esquerda que governou Roma: foram eles que encheram a Itália de estrangeiros e por isso despertaram as iras do bom povo romano!
Como se, desde, os Césares, Roma não tivesse estrangeiros em barda a fazer o que o romano não faz, nem quer fazer!

* na gravura: mcr e cg em Roma? Não. Apenas Gregory Peck e Audrey Hepburn no filme que dá nome à crónica

1 comentário:

M.C.R. disse...

Os leitores desculparão o tamanho das letras dos últimos dois períodos: tentei corrigir mas nãqo consegui. Azares do computador...