08 maio 2008

Trinta anos depois

Esta notícia do JN faz-me lembrar o drama que se abateu sobre a minha família faz hoje precisamente trinta anos. Nesse dia 8 de Maio de 1978 perdi duas tias que caminhavam em peregrinação a Fátima. Integravam um grupo de Soalhães, Marco de Canaveses, onde se incluía mais um tio e um primo meus, e foram colhidas mortalmente por um automóvel desgovernado na zona de Águeda. Ainda hoje as lembranças das horas passadas no hospital de Águeda nessa manhã estão bem presentes em mim. Actualmente, os cuidados são maiores e há mais divulgação, mas os resultados dos últimos anos continuam a ser desastrosos.
Com o tempo, tenho constatado também que muitas destas peregrinações se institucionalizaram. As manifestações primárias (e, por isso, autênticas) de fé coabitam com grupos de peregrinos que caminham como se fossem na direcção da romaria, ano após ano. Para não falar das peregrinações de “cinco estrelas”, organizadas para as elites católicas lisboetas.
Confesso a minha incompreensão com o silêncio da nomenclatura católica face a esta realidade e com o seu alheamento relativamente às condições em que ocorrem estas peregrinações. É pena que as suas atenções tenham estado sempre mais direccionadas para os resultados apurados no Santuário de Fátima.

4 comentários:

o sibilo da serpente disse...

Lembro-me bem dessa tragédia. E já lá vão 30 anos, pá.

M.C.R. disse...

De acordo com tudo excepto a frase relativa às peregrinações de cinco estrelas. Não são só as elites católicas lisboetas a usufruirem delas, caro JCP.
Diria mesmo, apoiado apenas nas estatísticas relativas à frequência de igrejas que será sobretudo do Norte que essas peregrinações de luxo virão.
Os sulistas, elitistas e não sei que mais vão pouco à missa e menos a Fátima. Basta ver a televisão para perceber que a imensa maioria das pessoas que caminham para Fátima vêm do Norte ou do Interior beirão.

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Eu sei que sim, MCR. Mas ficou-me gravada uma "reportagem" sobre um grupo organizado de gente bem de Lisboa/Cascais, com políticos e advogados do jet-set, que foram dar testemunho da sua fé, longe das pensões e dos atropelos do povo...

Mocho Atento disse...

Fátima é uma interpelação.

Fundamental é a Fé, que muitas vezes se confunde com religião.
Grande parte das manifestações religiosas não revbelam fé alguma, mas simples superstição, pensamento mágico, misturado com paganismose panteísmos, muito pouco cristãos e nada católicos.

Neste momento, julgo que vamos assistir a um aprofundamento da fé e a uma depuração dos eventos religiosos. De facto, o actual Bispo de Fátima, D. António Marto, é uma das pessoas mais cultas e inteligentes da Igreja em Portugal. Julgo que o seu trabalho dará frutos.