08 novembro 2008

Missanga a pataco 63


Lady Day morreu na cama,
The Empress na rua

Escrevem-me dois leitores corrigindo, pensam eles, a minha crónica sobre Obama. De facto ambos afirmam ter lido no "Público" uma crónica de última página da autoria de Miguel Gaspar onde este respeitável jornalista afirma que foi Billie Holiday quem morreu na rua por não haver hospital que a aceitasse.
Não têm razão os leitores e muito menos o jornalista que tomam por fonte. Billie Holiday morreu num hospital aliás em circunstancias extrordinárias porquanto foi aí, no seu leito de morte que mais uma vez a polícia a inculpou de posse de drogas...
Bessie Smith, "The Empress of Blues", foi quem morreu no estado do Mississipi, perto de um hospital que se negou a recebê-la por negra. Esvaía-se em sangue depois de um brutal acidente rodoviário e morreu como um cão porque era negra e o hospital era para brancos.
Aprecio muito os textos de Miguel Gaspar e gostei de ler este de que agora falo mas que vem ferido por um erro grosseiro. Bessie é mais velha do que Billie, morreu vinte ou mais anos antes e os seus estilos musicais são profundamente diferentes, como se sabe. Não podem nem devem ser confundidas como não se deve nem se pode confundir o Público com a revista Caras ou Gaspar com a governadora Palin que não sabia que África era um continente com muitos países.
Os leitores não devem tomar tudo o que se imprime por absolutamente verdadeiro e o mesmo se aplica aos meus textos. Devo ter errado várias vezes e bem precisaria de quem me puxasse a orelhinha mouca. Mas neste caso sou eu e não Gaspar quem está no certo. Não é grande vitória nem afecta a qualidade dos escritos deste jornalista que me tem como fiel leitor. E apreciador. Assim ele me lesse e apreciasse mas isso era já pedir demais.

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