05 dezembro 2008

Missanga a pataco 64


O preço do imobiliário


O custo da obra saltou dos projectados 33 milhões para 119 ou seja mais que triplicou!
O tempo de construção passou de 28 meses para 82. Também aqui se triplicou. Deve ser mania.
Houve empreitadas por ajuste directo coisa que a lei proíbe e a prudência desaconselha. Diga-se: prudência daqueles que querem não só ser sérios mas passar por isso, ter a fama disso.
Manifestamente tais preocupações não terão estado no espírito de muitos dos cavalheiros e cavalheiras que andaram mascarados de administradores da obra da Casa da Música.
A verdade é que ninguém é obrigado a parecer honrado. A segunda verdade é que eventualmente haverá gente não honrada que não quer passar por honrada. Coerência, acima de tudo.
A terceira verdade é que ninguém vai pagar por este desperdício. Desculpem lá, mas 86 milhões é uma dinheirama! Uma senhora dinheirama. Para onde foi?
É que podia ter vindo até aqui, a esta casa onde o cacau se converte, vá-se lá saber porquê, em livros, em discos, em pequenos mimos que os amigos vêm comer, em comidinha para duas gatas vorazes e curiosas (são gatas, quand même!). claro que se tivéssemos sofrido essa inundação de euros teríamos morrido sufocados porque são, para gente como nós, paisanos, povo miúdo, números demasiado grandes para sequer sabermos o que fazer com eles.
Todavia, e esta é a quarta verdade, parece que há gente que lida bem com estes rios de dinheiro, que gosta de os ver correr, fluir, desaparecer numa qualquer longínqua foz que, juro, não estou a confundir com um qualquer bolso.
Perdoarão que tenha falado da Casa da Música. Da Casa da Música só se deve dizer bem. Muito bem. Mesmo que seiscentos mil espectadores divididos por três mil duzentos e oitenta e seis espectáculos, representem uns modestos cento e setenta espectadores por cada um. E seria ainda necessário quantificar as borlas, as entradas de favor para depois tentar perceber quanto e como se gasta o dinheiro dos contribuintes. E que retorno traz. Mas isso, como costumo dizer, é outra história...

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