"Em suma: instalamo-nos na infelicidade e, às vezes, chegamos a pensar que afinal não se está tão mal como isso. Fumemos, portanto, um cigarro, enquanto o idiota da rádio continua a falar de uma importante declaração de um importante chefe de Estado. O idiota saboreia a declaração, deleita-se com ela, põe-se a chuchar nela. Como me podem ser indiferentes as suas importantes declarações. Futuros mortos com tal dinamismo, que coisa cómica!"
Albert Cohen, O Livro de Minha Mãe, Contexto Editora
16 julho 2004
Outras leituras
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3 comentários:
É uma interrogação a natureza humana.
Instalar-se na infelicidade e pensar que afinal não se está tão mal.
A partir daí, tudo o mais é uma chateação só. Seja a política e sua mesquinharia, seja a vida ou a morte.
Aborrecimentos que apenas arranham ( ou agudizam ) uma existência tediosa.
ortofrenia
Aclamações
dentro do edifício inexpugnável
aclamações
por já termos chapéu para a solidão
aclamações
por sabermos estar vivos na geleira
aclamações
por ardermos mansinho junto ao mar
aclamações
porque cessou enfim o ruído da noite a secreta alegria por escadas de caracol
aclamações
porque uma coisa é certa: ninguém nos ouve
aclamações
porque outra é indubitável: não se ouve ninguém
Pena capital - Mário Cesariny
Isto, Kamikaze. Um poema dentro do espírito da coisa. Mas, talvez eu discordasse do diagnóstico. Apenas talvez. Ou do tratamento.
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