17 julho 2004

Palavras

(para o Compadre Esteves)

Entrei num sexshopping numa tarde quente de Agosto. Atendeu-me um rapaz magro, de olhos encovados. Perguntei-lhe se tinha palavras nuas. Respondeu-me evasivamente, talvez com algum desprezo, Não vendemos disso. Ao sair, desatento, ouviu-o resmungar Ainda dizem que não há tarados.

3 comentários:

Primo de Amarante disse...

Tenho pena que não tenha sido atendido por uma musa. E, por isso, a minha resposta à sua simpatia, fica num post.

Silvia Chueire disse...

É engraçada esta coisa das palavras. Seja ou não ficção, num sex shop talvez se vc tivesse pedido "mulheres nuas" ele não o tivesse achado tarado. Tudo uma questão de circunstância e interpretação. E o texto teria um outro final, um outro sentido.

Primo de Amarante disse...

O problema foi da ignorância de que é indiferente que a musa (palavra) apareça ou não nua: é sempre uma divindade e, como tal, não desenvolve taras.Pelo contrário, cura as taras, como bem demonstra a acção dos logoterapeutas.