Às vezes, dá-me para levar as coisas a brincar, outras vezes, quando tenho mais tempo pensar, levo as coisas demasiado a sério. E hoje deu-me para pensar que, enquanto andam por aí alguns a brincar aos ministros e secretários de Estado, outros há que, no país real, dão a cara nos combates contra as tiranias e na tentativa de preservar as coisas mais básicas da democracia.
É um combate que custa tempo, que custa dinheiro, que custa incompreensões, é um combate desigual, que se trava todos os dias, sem apoios, sem uma palavra de alento, com boicotes de quem deveria apoiar, com insultos, com o estreito escrutínio da vida privada, com vigilâncias (e com outras coisas mais graves, que não se dizem, porque também são verdade). É um combate em que nada se ganha, a não ser o sentido do dever de cidadania que se cumpre. Fica a sensação amarga de ser apenas carne para canhão, que se usa enquanto dá jeito.
Mas é bem feito! São estas coisas que nos ensinam a dizer não, quando, nos momentos de aperto, nos batem à porta, nos apertam nos braços, nos dizem que somos heróis, para nos levar a ir à luta que os outros não ousam, porque é difícil.
Adenda de L.C. - Este post merece ser acompanhado de uma boa música de Mozart:
Concerto para piano e orquestra nº 21, K467 "Elvira Madigan" (1785)
24 julho 2004
Uns e os outros
Marcadores: carteiro (Coutinho Ribeiro), cidadania, L.C., política
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14 comentários:
E continuando na linha intimista. Estou feliz! Alma amiga ofereceu-me um cão; ou melhor, uma elegante cadela. disse-me: «foste sempre um cavalheiro, trago-te uma cadela da raça do teu mondego e espero que fiques mais reparado do desgosto de teres perdido o Mondego. Fiquei feliz e fui, toda a tarde, passeá-la para a serra da abobereira, bem perto da terra do carteiro. Foi uma alegria correr com a minha cadela. Passei junto aos dólmens e lembrei-me da generosidade de Ferreira Torres aos microfones da rádio: "se eu mandasse -- disse a edil criatura-- deitava abaixo aquelas pedras e com elas fazia casas para pobres!» Agora a Teggy, mulher de grande sensibilidade polivalencial está no lugar certo para fazer a vontade ao único autarca do seu partido.
Tem de se fazer justiça: "há sempre mais alguém que resiste,há sempre mais alguém que diz não!"
Tudo bem para o nome da minha cadela. Mas essa de "saliva no dedo" tem que se lhe diga!!!....
A malicia está em quem descobre más intenções. Eu penso, logo expresso.
Muito obrigada pelo link. Sabe bem ter tais laços com quem gostamos de ler.
Tinha-me esquecido de dizer que gosto imenso desse concerto de Mozart. Há bom gosto musical por aqui!
A 1poucomais é leitora das Incursões e tem um blog chamado Um pouco mais de azul; daí o nickname, um bocado palerma mas foi o que me ocorreu quando criei o blog.
Não sei se há perfis de bloguistas. O que é citado é demasiado redutor. Há de tudo um pouco pela blogosfera, e motivos igualmente diversificados para por aqui andar. Mas não deixa de ser divertida uma leitura apreciação dessas, sobretudo vinda de quem tem também um blog. Resta saber em qual das categorias ele se enquadra ;-)
Marinquieto: esse rapaz perfilador que escreveu na revista "ler" e que tanto sensibilizou o seu amigo, está, por certo, acima da natureza, humana. Nada tem a ver com essa gentalha de intelectuais frustrados, divorciadas, etc., etc. É pura raça. Tem pedigree. E só tem um pequenino defeito: dar-se ao trabalho de percorrer os blogs para definir perfis. Pena é escrever na revista "ler", onde, sendo uma revista de qualidade, naturalmente terá gente com esse perfil a escrever.
De qualquer forma, marinquieto, deve ser uma felicidade ter amigos preocupados com estas questões!
O tal rapaz perfilador mantém o seu blog; foi no início da actividade bloguística que traçou tal perfil, ao qual acrescentou, uns posts mais tarde, as professoras. Com todo o respeito que me merece o referido rapaz, que como eu escreve decerto o que muito bem lhe apetece no seu blog e tem todo o direito disso, fiquei curiosa por saber em que perfil se enquadraria: candidato a jornalista? literato frustrado? Divorciada com mais de 30 anos não pode ser, obviamente. Em que categoria classificaria ele o Abrupto, o Causa Nossa ou o Barnabé, já agora?
Cara Marinquieto, de facto encantei-me. Não foi aqui que encontrei a primeira referência a essa autora, mas os versos publicados pela Kamikaze recordaram-ma e levaram-me a lê-la com mais atenção. Desconhecia o romance, mas vou ver se o encontro; muito obrigada pela referência.
Marinquieto: "Amofinar-me", porquê?!... Não deixa de ser curiosa a sensibilidade que lhe levou a ter necessidade de trazer tais considerações para este blog!!! E queira uma discussão sobre os blogs, começando pelas afirmações que trouxe. Muito pragmático!!!!
E para que não lhe fique dúvidas, devo dizer-lhe que estou bem casado (hà trinta anos), tenho duas filhas que são um encanto (já formadas) e publico os livros que quiser numa editora (onde dirijo uma colecção) e escrevo num jornal diário. Também já plantei uma árvore!
Não responda, compadre, a provocações de soleironas loiras.
Há questões menores que não devem fazer baixar o nível.
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