(...) "vale a pena olhar para o problema dos fogos de outra maneira. Não como um problema da nossa política florestal, mas como um problema do nosso mundo rural que ignoramos de forma sistemática durante todo o resto do ano (sintomaticamente o ministério responsável por avaliar os prejuízos dos incêndios é o Ministério das Cidades: será preciso melhor demonstração de como o nosso mundo rural não tem lugar no centro da decisão política?).
O mundo rural precisa de ser defendido dos efeitos nefastos dos incêndios, com certeza, e não tanto dos incêndios em si. Mas acima de tudo precisa de ser defendido da nossa visão diletante de viajantes e visitadores, que se incomoda com o aspecto lunar e desolador das áreas ardidas, mas se incomoda muito pouco com o beco sem saída da falta de empregos, de escolas decentes, de acessos decentes (não necessariamente de auto-estradas que ligam as principais cidades dos que por lá passam, mas de estradas decentes que acompanhem as necessidades de quem lá está), de apoio médico decente e de estímulo decente à iniciativa dos que lá estão." (...)
Mais no artigo de opinião do arquitecto paisagista Henrique Pereira dos Santos, in Público de 8/8.
09 agosto 2004
Ainda as outras polémicas
Marcadores: ambiente, kamikaze (L.P.), sociedade
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