
Eis como Filipa Macedo deu hoje, a todos, para além de uma muito sui generis lição de Processo Penal, todo um mestrado em "transparência na justiça".
Notável! E pensar que andam por aí, há que tempos, dúzias de experts e umas centenas de leigos a discutir a crise e lentidão da justiça, sem encontrar mezinha rápida e, afinal, Filipa Macedo tinha a solução na manga:
lê-se num dia umas quantas peças de um processo de dezenas (centenas?) de volumes (vide declarações da própria ao 24 Horas de 3ª feira), põe-se no shaker com as visões pessoais sobre a gravidade de um certo ilícito ( vide, de novo, entrevista ao 24 Horas), mais a interpretação pessoal do que se foi lendo, ouvindo e vendo na comunicação social, agita-se e já está: culpado ou inocente.
E pensar que ainda vai haver um julgamento e, pelo meio, alguns novos recursos, até que um colectivo formado por vulgares juizes forme a sua convicção! E que, até que a decisão destes transite em julgado muito mais água há-de correr sob as pontes!
Acabe-se com o CEJ e clone-se a juíza tablóide (petit nom dado pela GLQL), e a crise e lentidão da justiça serão erradicadas de Portugal mais rápido do que Hiroxima sob a bomba atómica. Como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto?
Adenda: O resumo da notícia pode ser lido aqui (L.C.)
4 comentários:
Neste tempo de maniqueísmos, há quem, pelo exagero e destempero, tudo faça para matar a galinha dos ovos de ouro em que processo da Casa Pia se tornou em vários domínios. Primeiro, foi o primarismo jurídico do juiz Rui Teixeira e do procurador Guerra. Tanto esticaram a corda que os juízes conselheiros do TC não tiveram outro remédio do que mandar desempenar os autos. Depois, foi o jornalita Octávio Lopes, que se assumiu como o cronista dos dois justiceiros e foi amealhando gravações para quando fosse oportuno divulgá-las. Resultado: demitidos o director da PJ e a assessora de imprensa da PGR. Agora, chegou o tempo de uma juíza de turno que, em dois dias, formou a convicção e exagerou tanto que obrigou o procurador da República João Aibéo, com uma mentalidade jurídica amadurecida e diferente da de Teixeira e Guerra, a reagir e a lembrar - a quem já disso se tinha esquecido- que o MP está vinculado ao princípio da legalidade e da objectividade e não é parte do processo. Aqui chegados, resta aguardar pelos próximos capítulos da novela em que os ''bons'' estão forçados a derrotar os ''maus'', sem se saber muito quem são uns e os outros ou mesmo se não haverá clones híbridos com genes de cada uma das categorias. A novela judicial ainda não terminou e, ou me engano muito, ou ainda alguns personagens vão ser contratados para um 'reality show' da TVI, quando a novela da Casa Pia estiver com fracos índices de audiência. Candidatos não faltarão...
Pois é caríssimo Gastão. Esta história é de tal modo de arrepiar que só consigo lidar com ela tentando brincar. Tanto mais que é assunto em que pior será fazer de contas que não se vê que... o rei vai nu! Bem dizem o Carteiro (e o Gastão) que é hora de os magistrados se deixarem de corporativismos bacocos e salvarem a face - melhor, a essência - da justiça enquanto ainda é tempo (mas como ? como? para além de exercerem com competência e sensatez no dia a dia?)
Felizmente, ao mesmo tempo que sabemos de estas histórias de meter medo ao susto, também nos vamos apercebendo que há muitos magistrados sabedores, sensatos e atentos (espero que representem a grande maioria de que não se ouve falar...)
Quer o resumo da Sic online linkado por LC, quer as referências de hoje da Sic Notícias, à entrevista telefónica, "branqueam" (para usar uma expressão cara" a Felipa Macedo)as partes mais "transparentes" das suas afirmações. Antes assim.
Por outro lado, no Causa Nossa, Ana Gomes, de toda esta história, ressalta o facto de o juiz Jorge Raposo ter actuado "a mando" (?) do MP... e é a senhora formada em direito!?!
"Processo" (ou lá o que isso é) nunca foi o seu forte... Em todo o caso, especializou-se em ler jornais.
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