As divindades sangram na cidade;
as utopias foram condenadas,
amedrontadas,
fugiram para o mar
Um cheiro a maresia;
é mito indeterminável
A bombordo fica a nostalgia
O meu leme afaga-se para o inalcançável
Perdido;
sou marinheiro no oceano de ninguém
Um farol
Minto: é um primeiro raio de sol
Imperceptível,
violento,
não anuncia salvação nem, tão pouco, um novo alento
Noite após noite…
A poesia,
o meu absinto;
não diz tudo o sinto
é heresia
embriagar-me com os teus olhos vendados
Numa mão pesas o ouro;
noutra tudo aquilo que te dou
Sei que a justiça é morosa…
E as utopias?!
Regressarão algum dia?!
Estou inocente
Amar-te não é opção
Exijo clemência
Noite após noite…
na cela do desejo cumpro penitência.
André Simões Torres
26/09/2002
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19 setembro 2004
Noite após noite
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
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1 comentário:
Belo e terrível.
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