07 setembro 2004

Por quê dormes ?

Deitas tua cabeça no meu colo
e é exangue o teu rosto.
Meu filho, filho meu,
em que guerra,
em que insanidade dos homens,
morres?

Homens nada sabem
de uma criança a mover-se
no ventre feliz de uma mulher.
Ou da boca faminta no seio túrgido,
a alimentar-se livremente.

E depois,
tão pouco tempo depois,
a face lívida da minha dor.

A ferida aberta
no corpo que embalei.
O sangue derramado
do meu menino cujo sorriso
agora é esgar,
silêncio,
imobilidade.

São só minhas estas lágrimas .
Não há consolo.
Apenas essa voz lancinante,
esse urro, esse grunhido.
A atravessar-me corpo e alma.

Por que dormes, meu filho,
e não respondes?

Silvia Chueire

1 comentário:

Silvia Chueire disse...

Que dizer? Muito obrigada.