07 setembro 2004

Floriram por engano as rosas bravas

Camilo Pessanha nasceu em 7 de Setembro de 1867 e morreu no dia 1 de Março de 1929.
Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, de 1885 a 1891, tendo sido colocado neste último ano em Mirandela.
Em 1892 pede transferência para Óbidos e em 1894 parte para Macau como Professor do Liceu.

Em Macau, para além de vários trabalhos jurídicos que vai fazendo a pedido do governo, é Juiz auditor dos Conselhos de Guerra em 1902, 1910 e 1914, Juiz de Direito Substituto em 1904, 1916, 1919, 1920 e 1921 e Juiz do Tribunal Militar Territorial em 1919.
Paralelamente, exerce advocacia, conquistando grande renome pela sua competência.
Em 1919 e 1921 são publicados dois textos seus de natureza jurídica – Desorientação e Serena Justiça com a tiragem de 100 exemplares, pelo que se tornaram raridades bibliográficas.


Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Por que me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze - quanta flor! - do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?



Camilo Pessanha, Clepsydra

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