é com o corpo nu que te escrevo.
nada disso importa.
não sei mais quem és
e ignoras minha nudez.
tenho longas conversas com o vento.
a ele falo do sonho,
do desejo, esta lâmina,
diagonal a atravessar-me.
do amor.
falo-lhe de vicissitudes,
de quereres, de metáforas improváveis,
de altos propósitos,
construções possíveis
e paredes a desmoronar.
é com o corpo nu que te escrevo.
o que não importa.
não sabes quem sou
- alguma vez soubeste ? -.
minha nudez é uma oferenda,
a mim e a ti.
sei que estas palavras
a saírem-me pelos dedos,
exatamente as mesmas,
deslizam pela minha garganta,
é a minha verdade que nos ofereço.
é com o corpo nu que te escrevo
minha face voltada para o horizonte,
e a pele à mostra.
silvia chueire
12 novembro 2004
corpo nu
Marcadores: Poesia, Sílvia Chueire
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4 comentários:
Belíssimo poema, tal como o anterior da mesma incursionista. Obrigada.
Obrigada, aos dois.Muito.
Um abraço,
Silvia
Gostei tanto do outro poema que não resisti a enviá-lo a vários amigos meus. De TODOS recebi respostas de agradecimento e do quanto também tinham gostado. Muitos queriam saber mais sobre a autora. Desculpe-me ela mas também este tenho que partilhar. É mais forte do que eu. Parabéns!
Ao Anonymous meu agradecimento pelas palavras e o gesto em relação a ambos os poemas. Porém gostaria que não fosse Anonymous e pudesse saber quem é.
Silvia Chueire
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