No Índico
O Índico, de águas transparentes, recebe bem, com uma temperatura hospitaleira, e as medusas que na praia aguardam que a preia-mar as alcance de novo, só podem temer o sol, intenso, e, de predadores, os caranguejos e as aves que aproveitam a sua imobilidade.
Depois do baptismo neste oceano – que as águas barrentas de Maputo não estimulam ao ritual - a aproximação ao sul da Ilha de Inhaca e às barreiras de coral junto à costa, e também ao continente defendido por enormes dunas verde e pérola. A caminhada junto à estrada de mar revolto que une a Ponta Torres e a Ponta de Santa Maria impõe-se.
A tarde trouxe o vento, o mar cresceu. Maputo estava agora a hora e meio de caminho. Foi numa lancha um pouco maior que em 1977 deixámos as plataformas quando o mar de Sines partiu a ponta do molhe recém construído e levou um dos nossos, um soldador, que não conseguiu libertar-se das mangueiras do compressor que o envolveram.
Vista do mar, ao fim da tarde, a cidade ganha outra beleza, como Lisboa do Tejo, Coimbra do Vale do Inferno, ou o Porto do cais de Gaia. E à chegada reencontro esta estranha combinação de jacarandás em flor com árvores de Natal.
Maputo, 11 de Novembro de 2004
2 comentários:
Obrigada pelo passeio proporcionado.Um belo passeio.
Belíssima crónicaa, belíssima escrita, enfim, um gosto de ler e imaginar.
Espero, sinceramente, que com o regresso a Portugal não esmoreça a inspiração cronista do incursionista Rui do Carmo.
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