REGRESSO
No dia do regresso a Portugal vou partilhar alguma da poesia que aqui me acompanhou.
De Moçambique, levo João Mendes, da geração de Craveirinha, Ricardo Rangel, Rui Knopfli, João Fonseca Amaral, Rui Guerra e Noémia de Sousa, que lhe dedicou muitos dos poemas de Sangue Negro.
EXÍLIO
quando me vires chorar
não sintas piedade
é um humano desabafo
quando me vires chorar
não me venhas consolar
é um simples retomar de fôlego
oh! quando me vires chorar
não sintas piedade
não tentes consolar-me
antes
dá-me a mão
e puxa-me
companheira
in “Ser”, Editorial Ndjira, Julho de 2004
De Portugal, trouxe um inédito de Maria do Rosário Pedreira, datado de Março de 2004.
SE O VIRES
Se o vires, diz-lhe que o tempo dele não passou;
que me sento na cama, distraída, a dobar demoras
e, sem querer, talvez embarace as linhas entre nós.
Mas que, mesmo perdendo o fio à meada por
causa dos outros laços que não desfaço, sei que o
amor dá sempre o novelo melhor da sua mão. Se
o encontrares, diz-lhe que o tempo dele não passou;
que só me atraso outra vez, e ele sabe que me atraso
sempre, mas não de mais; e que os invernos que ele
não gosta de contar, mas assim mesmo conta que nos
separam, escondem a minha nuca na gola do casaco,
mas só para guardar os beijos que me deu. Se o vires,
diz-lhe que o tempo dele não passa, fica sempre.
In “Mealibra” nº14
Maputo, 20 de Novembro de 2004
FIM
20 novembro 2004
DAQUI, DE MAPUTO
Marcadores: Rui do Carmo
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1 comentário:
Gosto. Dos dois poemas. Em especial do segundo. Obrigada por eles.
Silvia Chueire
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