28 novembro 2004

Demissão do Ministro Henrique Chaves

O Ministro do Desporto, Juventude e Reabilitação, Henrique Chaves, anunciou hoje a sua demissão do Governo, menos de uma semana após ter assumido o cargo. Num comunicado, Henrique Chaves diz que não concebe "a vida política e o exercício de cargos públicos sem uma relação de lealdade entre as pessoas", nem "o exercício de qualquer missão privada ou pública, sem o mínimo de estabilidade e coordenação".
Será que o Governo tem concerto e é possível acabar com um espectáculo de degradação institucional que não prestigia o País?!...

5 comentários:

Primo de Amarante disse...

Há algumas questões que não consigo entender: a 1º é o mau conceito que surge dos cidadãos, quando se receia que sejam condicionados pela vitimização e, por isso, incapazes de ouvirem arguentos mais racionais. Se os cidadãos são tão ingénuos, que poderemos pensar da democracia?!.. 2º A questão do governo de Santana Lopes e Paulo Portas não diz só respeito a lógicas do poder. Também está em causa o funcionamento das instituições, a imagem duma Nação (de todos nós) e o Futuro de um País. 3º Não vejo saída para uma situação, onde um ministro diz que sai, porque o primeiro ministro é desleal e aldrabão (se assim é para os ministros, como será para todos nós!), a não ser com novas eleições. Sei que isto não acontecerá, porque o actual Presidente da República é um homem preocupado, mas nunca tira conclusões das suas preocupações. Já deveriam ter sido feitas reformas que respondessem às preocupações de dignificar a acção política pela criação de condições que melhorassem a qualidade dos políticos e, o Presidente da República poderia ter exercido a sua influência nesse sentido, mas...como diz o outro, só fala... fala... (e às vezes até chora!). Isto está tão mal, que, como já se viu neste blog, a política aparece como uma rua de má fama que só pode ser frequentada por certas pessoas e, por isso, alguns(muitas vezes dos que melhor poderiam ajudar a mudar a situação)têm receios em se afirmarem políticos. No entanto, para além de ser uma "arte nobre", somos por natureza animais políticos e, não se muda a situação do País sem o exercíco da cidadania, debatendo, denunciando, propondo novas ideias.

Primo de Amarante disse...

Uma outra questão, que nada tem a ver com o post.O Comércio do Porto de Sábado, em opinião, traz um artigo com piada a propósito de um anúncio "advogada trata casos difíceis". O artigo é de Raul Lopes. Penso que pela concepção de justiça que supõe o anúncio, talvez alguém da especialidade gostasse de retomar o tema do artigo e, por isso, deixo o endereço: http://www.ocomerciodoporto.pt/secciones/noticia.jsp?pIdNoticia=18778

Primo de Amarante disse...

Compadre Nicodemos: o seu ponto de vista é prudencial e nesse sentido também o aceito. Penso que o problema das alternatiivas é, hoje, o problema fundamental da credibilidade da democracia: nos eleitores fixou-se a convicção de que são todos diferentes e todos iguais.É esta "crença" que pode justificar as suas cautelas. Na verdade, quando os políticos teimam em justificar (ou legitimar!) os seus erros com os erros dos adversários, a política torna-se num exercício sofistico. E isso é infantilizar a acção política, levando os eleitores a só se determinarem pelos condicionamentos afectivos (tal como a mão que ameaça chorar de infelicidade, se o filho não comer a sopa). Mas esta demagogia só se desenvolve, onde falta uma racionalidade argumentativa e está doente a cidadania. Resolver este problema é fazer as reformas do sistema político que permitam elevar a fasquia da qualidade dos políticos e promover o exercício da cidadania. O diagnóstico de Cavaco Silva é correcto, mas o que ele diz já foi muitas vezes repetido por muita gente. Inclusivamente este humilde e velho compadre já o tinha escrito no JN, durante o próprio "regime" cavaquista. O que acontece é que a minha "trombeta" não ecoa como a do Cavaco. Porém o Cavaco poderia ter feito as reformas que acautelasse o que ele hoje dá conta. Por isso, não concordo com os elogios que lhe traça o compadre Carteiro e espero que ele (compadre Carteiro) leia o que acabo de escrever e não se entusiasme muito com o cavaquismo para não ter mais decepções.

L.C. disse...

Ora aí está uma boa conclusão a extrair dos comentários do Compadre Esteves: uma boa frase ou uma boa intervenção política, num contexto precário como o actual, não bastam para formar ou animar uma corrente (cavaquista). Desta não deverá esquecer-se o seu passado histórico. Umas palmas efémeras, pois, para Cavaco, mas só isso, para quem, como eu, nunca lhe bateu palmas.

josé disse...

Hermano José Saraiva fez aquele que considero o melhor retrato de Cavaco. Primeiro disse que Cavaco era...um pobre diabo. Entendi a afirmação num contexto em que se discutia a excelência e a competência políticas, claro.
Depois, avisado pelo facto de ter sido ostracizado na consideração do próprio, o mesmo HJS disse, corigindo a afirmação anterior que afinal Cavaco tinha sido um...bom gerente!
Boa definição, quanto a mim. Gerente é aquele que gere, mas não se lhe exijam muitas e boas ideias que as não tem.
Se tivesse não tinha escolhido, durante os dez anos de consulado, a troupe de ministros qu escolheu e que ainda agora andam por aí, como exemplo daquilo que ele próprio considerará como (in)competentes. Nomes?!
Para quê?! São artistas portugueses e por isso de visibilidade garantida. Toda a gente vê!