É erma a tarde num céu de Goya,
pincelado de um rubro dramático.
Acolhe-me a rede onde me deito,
a vida na qual deito meus sonhos,
corpo e todos os afetos.
Há um leve rumor de pássaros inquietos.
Ao longe os automóveis
velozes na corrida das pessoas contra o tempo.
Dispo-me da angústia ,
para olhar com outros olhos
a vida que se esvai.
Sabendo que ninguém além de mim
vive este momento.
Vivo-o bem nos dias que escoam,
intensamente ao senti-los,
ao saber que não são tantos.
Há esta capacidade de amar
que me redime.
Ficarão estas palavras?
Talvez não.
Talvez sejam apenas minha inscrição
no imaginário .
Talvez brisa na tarde.
Ficarão meus filhos,
meus amores que se vão
ao mundo que lhes pertence.
O tom dramático do entardecer
confronta a calma.
É arte, música,
para compor o pensamento.
Silvia Chueire
26 novembro 2004
Goya
Marcadores: Poesia, Sílvia Chueire
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2 comentários:
A atenção é uma coisa preciosa, LC. Obrigada,digo eu.
Silvia Chueire
Merci, monsieur. : )
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