30 novembro 2004

Sábado à tarde

Há muitos anos que são assim os sábados, fins-de-manhã-ou-princípios-de-tarde: compro jornais aos molhos e sento-me no café mais próximo. Leio e releio. Uma coca-cola com gelo - seja Verão ou Inverno - , uma tosta mista, um café. Uma reflexão breve sobre a semana.
Sábado passado não foi assim. Como se fosse um prenúncio das mensagens que recebi de Viena, acordei tarde, fiquei por casa, escrevi uns memorandos de coisas de que não poderia esquecer para esta semana, comi uma maçã e não tive pressa de ler os jornais. Fiquei por aqui...
A meio da tarde, lembrei-me que tinha futebol. Explicando: eu não sou especialmente aficionado por futebol. Mas senti uma vontade imensa de futebol. Tomei um banho rápido, não cortei a barba, vesti a primeira roupa que encontrei, não comprei os jornais, esqueci-me de que só tinha comido uma maçã, tomei um café que não me fez muito bem e corri para o centro de desporto da Pasteleira.
Quando cheguei, o treino já ia a meio. Olhei, voltei a olhar. Não vi a camisola 41 dos "panterinhas". Perguntei ao treinador pelo meu filho. Não, o João Pedro não estava. Meti as mãos nos bolsos, ombros curvados, um olhar triste. Olhei outra vez para os putos. Lá estavam eles, aguerridos, a correr atrás da bola e dos seus sonhos de meninos.
Despedi-me do treinador. Com as mãos nos bolsos, saí. Um caminhar calmo até ao carro. Fui comprar os jornais, fui para o café e li os jornais. Não, não é de futebol que eu gosto, nem foi por causa do futebol que eu corri para a Pasteleira. É a vida.

1 comentário:

Silvia Chueire disse...

Gostei, gostei de ler. Obrigada.

Silvia Chueire