Na dialéctica, uma determinada tese contrapõe-se a outra e procura-se razões para superar o antagonismo; na retórica, uma tese contrapõe-se a outra para vencer o adversário e afirmar uma superioridade.
Sob o ponto de vista dialéctico, diz Aristóteles, «um é levado para uma direcção, outro para outra…É preciso, então, que cada um se mova na direcção oposta à sua; assim, cada um se afastando da unilateralidade alcançará o meio-termo, como fazem os que querem a justiça.»
Sob o ponto de vista da retórica, diz Cohen, «cada um desenvolve os argumentos mais adequados para forçar o outro a admitir como certo o que lhe quer impor».
A retórica é uma técnica de persuasão; a dialéctica é um desafio proposto à inteligência para progredir com rigor na busca da verdade. A dialéctica exige que o debate se paute por princípios. E Habermas fala numa ética da argumentação, afirmando: «é necessário que o confronto de argumentos tenha como referência a verdade, a sinceridade e a discussão se constitua na partilha de pontos de vista, com a intenção sincera de respeitar a livre adesão ou rejeição de pontos de vista contrários».
É mais fácil ser-se retórico do que ser-se dialéctico. A retórica agrada aos espíritos fracos e a dialéctica exige um espírito forte. Está explicado por que abunda a retórica e escasseia a dialéctica.
15 dezembro 2004
A dialéctica e a retórica
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
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3 comentários:
Tenho muita dificuldade em responder ao seu pedido.
As dificuldades não têm a razão que lhe quer dar. Residem no facto, como diria Orlando de Carvalho, "incontroverso e incontrvoertível" dos homens da justiça serem muito sensíveis e eu não me querer meter em alhadas.
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