19 dezembro 2004

Miúdo

É bom ver-te, miúdo, ter-te comigo, para dizermos ambos palermices, sentir a tua curiosidade sobre as coisas do mundo, tentar respondê-las, mesmo quando as respostas são difíceis. É bom sentir-te, miúdo, palavroso, como se, comigo, as conversas se soltem mais facilmente em torrentes de conversas que emudeces noutros dias.
É bom ver-te correr atrás da bola, sábados à tarde, mais esforçado que talentoso, mais coragem que habilidade, magrinho, mas ágil, os olhos postos na baliza com uma imensa vontade de marcar um golo, para ti e para mim, para me ergueres o polegar, que te sigo, atento, sentado no muro, sem estar à espera que venhas a ser um craque, mas apenas à espera que estejas feliz.
É bom sentir que não me exiges mais do que eu posso dar-te e que és tão parecido comigo - está sempre tudo bem contigo, meu menino, cada vez mais homenzinho!.... E é bom sentir que gostas mais de um abraço apertado do pai do que de um qualquer presente absolutamente desnecessário, tu, que tanto gostas de presentes, e que apenas me pedes que te compre "O Jogo" para leres as notícias sobre os craques que admiras.
Estou preparado para o dia em que, infalivelmente, vou ser "ceifado" da tua presença, coisa que já não é nova, mas terei sempre a esperança que voltes, para voltar a ser bom estar contigo. É que, cada vez mais, eu sei que Deus existe.

2 comentários:

Silvia Chueire disse...

O testemunho da ternura. É bom lê-la.

Silvia

Kamikaze (L.P.) disse...

ABRAÇO