20 dezembro 2004

Fobia

Amanhã, às 9.30 horas da manhã, estou no Marco. É o último julgamento antes de férias (acho que é...) e ainda bem. Estou cansado - de julgamentos e do Marco. Aliás, esta é a primeira vez que eu vou ao Marco depois de ter renunciado ao Marco como autarca, porque, em boa-verdade, o Marco estava a provocar-me uma fobia. Que o digam os meus pais que, ainda hoje, esperaram, em vão, pelo neto e por mim.
Mas o Marco continua a estar presente. O meu substituto na Câmara acha que tem o dever de me contar como agiu nas reuniões de Câmara, coisa que eu dispenso. O compadre esteves, meu amigo, companheiro, camarada - mestre -, continua a ligar-me para me contar coisas do Marco, como se eu continuasse a ser protagonista local, coisa que eu já não sou, mas que o compadre não quer aceitar porque - e tem razão (que vaidoso eu sou!) - acha que eu ainda tenho alguma coisa para dar à terra e talvez seja aquele que poderia dar mais à terra, apesar das nossas divergências ideológicas.
No meu regresso às origens, reaproximei-me de pessoas que já não via há muito, tive de suportar o pior que havia no Marco, tive de fazer pontes improváveis, tive de aguentar aqueles que se colam, confirmei o pior de algumas pessoas que nunca deixaram de me odiar, e tive a solidariedade de pessoas que me surpreenderam pela positiva. O compadre foi do melhor que me aconteceu. O Zé Carlos foi - como sempre! - um senhor, que esteve comigo por amizade e por convicção e que vai embora porque eu vou, porque sente que não faz sentido continuar sem mim. E ficam por lá alguns que eu chutei para cima, mas que já se esqueceram disso - em política a memória é muito curta -, embora seja certo que nunca teriam sido chutados para cima se eu não tivesse estado. Gente de vistas curtas. Que ganham agora mas não passam daí...

1 comentário:

Primo de Amarante disse...

Caro companheiro: respeitamos os estados de espírito, nomeadamente a fobia. Também não apelamos propriamente ao protagonismo. Como sabe os "ismos" não conjugam com espírito de serviço, sentido do dever, partilha ou solidariedade -- tudo o que faz a cidadania. Só queríamos que o companheiro com a sua facilidade em alertar os media, continuasse atento ao que se passa no Marco e exercesse a sua influência para que os jornais, a rádio e a televisão denunciassem o que está mal. Por exemplo, a instalação de um CIRVER. O Marco está ameaçado em se tornar numa perigosa fossa do País. Não produz lixo tóxico e é muito possível que cerca de metade dos 29 milhões de toneladas de resíduos industriais e das 254 mil toneladas de resíduos perigosos passem a vir para o Marco, sendo tratados por processos químicos que, segundo alguns, será acrescentar ao lixo que chega um outro lixo, o da intervenção química. E esta enorme fossa ficará no lugar de Boi Morto, em Manhuncelos, na encosta que dá para o Rio de Galinhas que desagua no Tâmega, donde é captada a água que abastece Cidade.E seria interessante saber quem verdadeiramente adquiriu recentemente os terrenos que vão servir para instalar o CIRVER.
O Avelino soube cnstruir um enorme embuste e depois de tomar banho na Quinta das Celebridades, vai para a Amarante, deixando-nos, para além da falência técnica da Câmara, este legado perigoso. Será que vamos, como marcoenses e cidadãos, ficar indiferentes a tudo isto, só por que o nosso estado de espírito não nos está a prender à Terra onde nascemos, crescemos e fizemos alguns bons amigos?!...