5.000 Km

Lembram-se daquele meu interminável julgamento em Lamego, em Setembro/Outubro? Estive a fazer as contas: por causa desse processo, em cerca de um mês, percorri 5.000 km! É obra. Vidas difíceis...

EM TEMPO:

Devo estar a exagerar o sacrifício. O meu amigo e brilhante advogado Pedro Delille, com escritórios de Norte a Sul do país, fazia, não há muito tempo, uma média de 8.000 km por ano. E não se cansava...

O meu pai. 70 anos. Há dois anos, era o segundo condutor de Mercedes do distrito do Porto com mais quilómetros por ano. Tenho-me esquecido de lhe perguntar se já está na frente. Deve estar. Mas ainda que não esteja à frente em quilómetros, uma coisa é certa: tem o carro mais imaculadamente limpo do distrito. Não sei como é que as pinturas dos carros dele aguentam tanta limpeza e nem sei como, no meio de tantos quilómetros, ainda tem tempo para imacular o carro.

De que me queixo? Há uma dezena de anos atrás, eu ia passar fins-de-semana alargados a Paris, de carro, sem parar. Para lá e para cá. Tempos engraçados, em que não me queixava dos quilómetros, nem das travessias dos Pirinéus, de madrugada, com neve e sem correntes, via Andorra, sem saber se tinha hotel e sem saber muito bem onde era a estrada e sem que se visse vivalma...

E quando ia e vinha no mesmo dia a Vitória, no País Basco, tratar de assuntos do escritório, e em que também não me queixava das viagens?

MORAL DA HISTÓRIA:

A dureza das coisas está mais na nossa cabeça do que naquilo que realmente fazemos.