24 janeiro 2005

Anda para ali uma coisa

que lhes faz mal à cabeça. Entre montes de argumentos filosóficos, sociológicos e jurídicos para defender a despenalização do aborto, o Louçã vem com a história de que é pai de filhos e o outro não é. Ora aí está um rapaz que até falava bem, parecia inteligente e sai-se com esta, um argumento reaccionário e demagógico. Além disso hipócrita. Então não são eles que andam sempre, e bem, contra a discriminação dos homosexuais e pelo casamento dos mesmos? Em que ficamos? Mais grave ainda, aparecem os colegas a dizer que como é contra o Portas vale tudo. Não vale a pena é perder tempo com estes tipos.

Anaximandro incursionista

4 comentários:

Kamikaze (L.P.) disse...

Do muito que li sobre a patada na poça de Louçã - e não foi, nem de longe nem de perto, seguramente, tudo o que se escreveu sobre o tema - o escrito com que mais me identifiquei (até no sobressalto incrédulo, ao ouvir o que ouvi) foi este post de Vital Moreira, no Causa Nossa. E anoto, como ponto que não me parece de somenos - atentos os desenvolvimentos argumentativos que se seguiram - o cuidado que teve em não apodar Portas daquilo que (nem) Loução o apodou no debate...Transcrevo (negritos da minha responsabilidade):
(...) "é lícito exigir aos políticos coerência entre as suas posições públicas e a sua vida privada, podendo ser publicamente expostos em caso de contradição. Assim é defensável a denúncia pública de uma dirigente política contrária à despenalização do aborto em nome do "direito à vida", vindo depois
a saber-se que ela mesma praticou um.
A questão é de saber se no caso concreto pode ser invocada uma situação desse tipo.
Concretamente, existirá alguma contradição moral entre ser contra a despenalização do aborto e ser, por hipótese, homossexual? Um homossexual não poderá adoptar uma moral reaccionária nessa matéria (e noutras)? A sua posição antidespenalização tornar-se-á inadmissível só por causa da sua orientação sexual? Por mim não vejo nenhuma incompatibilidade moral entre as duas coisas. Os homosexuais não têm por que ser "liberais" noutras matérias.
Voltando ao caso concreto ,"(...)

jcp (José Carlos Pereira) disse...

A tirada de Francisco Louçã foi manifestamente infeliz e completamente descabida naquela discussão. Portas ficou a parecer um anjo…Aliás, as proclamações dogmáticas e estereotipadas de Louçã soam sempre a demagogia barata. Desta vez, contudo, faltou-lhe a boa imprensa que o Bloco costuma ter do seu lado.

Primo de Amarante disse...
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Primo de Amarante disse...

Com as minhas saudações, ao compadre Anaximandro.

O meu compudador avariou e só, agora, posso manifestar fraternalmente o meu desacordo com as críticas feitas ao Louçã. Pensei fazê-lo em post, mas fica em comentário.
As criticas que (muitos outros) fazem a Louçã, trazem-me à memória o poema de Brecht:

"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem".

O "direito à vida" foi sempre defendido pela esquerda no seu sentido mais rico, significando direito a ter condições para existir. Quando a direita encosta este direito à sua posição relativamente á discriminalização do aborto, quer com isso dizer que quem faz um aborto é um criminoso. E isso dói muito a todos os que acham injusta essa conotação. Louçã, dizendo que Paulo Portas não tem o "direito" a falar da vida,como fala, não quiz (no meu entender) dar à noção de "direito" um sentido ostensivo: queria com essa expressão apenas repudiar a conotação entre direito á vida e criminalização das mulheres que abortam. Pois logo assegurou que ele, Louçã (como todos os que defendem a não criminalização do aborto), sabia bem o que valia uma vida, como, p.ex., o valor da vida manifestado no sorriso da sua filha. Não foi feliz (como acontece a muita gente)na forma como se expressou e disso já fez autocrítica (ver "Público" 26/01).Coisa que a direita nunca fez nem sabe fazer! Não me parecem, por isso, justas as criticas que lhe fazem, desde o acusarem de neo-fascista até, como aconteceu com o pasquim que destilou só fedor ao afirmar: "O lider da estrema-esquerda portuguesa plasma ódio de classe (...) tudo saltou no olhar de um filho da burguesia que radicalizou o seu posicionamento político para esconder que o pai foi um serventuário do antigo regime" (1º de Janeiro-24/01).
Este mau cheiroso ataque é tão doentio como paradoxal. Louçã, desde os tempos de liceu foi sempre de esquerda e recusou-se, durante o regime do "velho das botas", a receber o prémio do melhor aluno numa manifestação anti-fascista que lhe custou muitos dissabores e atrasou a promoção do seu Pai, oficial da Marinha.
Tal como o Pai de Louçã,é bom que se recorde que uma grande maioria dos nossos pais sofreram e faziam-nos sofrer com a nossa opção política. A PIDE perseguia não só os antifacistas como os seus familiares (quase sempre inocentes)
Os psicanalistas do regime nunca perceberam o que significa abraçar um ideal, ter um "sonho", o sonho de construir uma país mais justo e mais humano. Por isso,sempre acharam que esta opção não era genuína e recorreram ao psicanalismo (oculto) para a justificar. Não sabem o que é genuinamente estar com os excluídos, com os que mais sofrem porque são explorados.
O que doi a muita gente é Louçã e o BE estarem a fazer uma oposição combativa e consequente ao "centrão" incolor, inodoro, incompetente, hipócrita e verborraico, mas bem vestido. Um "centrão" que fala em justiça social, mas só tem como objectivo utilizar a política para olhar pela sua "vidinha".
Estou à vontade no que digo, porque não sou do BE.Mas, votarei neles. Merecem! E é preciso fazer aumentar a "contra corrente".