"Hoje nenhum filósofo minimamente lúcido diria que a lei moral está inscrita na razão ou no coração de cada um, mas antes que está escrita na tradição, na história ou na linguagem. O que não equivale a dizer que em ética vale tudo ou que tudo é relativo. Nem tudo são desacordos em ética: há valores básicos, escolhidos pelas declarações de direitos humanos, valores que são universais só porque são abstractos. Ou porque são formais e carecem de conteúdos mais precisos. A autonomia do sujeito moral passa pela aceitação do formalismo moral e consiste, exactamente, na vontade de o manter. Procurar ser autónomo, numa tal perspectiva, não é recusar o marco de valores absolutos: a igualdade, a liberdade, a solidariedade, a paz. É aceitar esses valores - fora dos quais não seria capaz de dizer o que é a ética - e propor-se seriamente realizá-los. Como? Procurando ver, na medida das possibilidades e responsabilidades de cada um, como se deve actuar, aqui e agora, de modo a contribuir para que o mundo em que vivemos seja mais humano."
Victoria Camps. Paradoxos do individualismo, Relógio D'Água.LIsboa 1996.p.27
07 janeiro 2005
Contribuir para que o mundo seja mais humano
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
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4 comentários:
Este texto é dedicado, com simpatia, ao Mocho Atento, depois de ter feito o último comentário à lei escuta.
Já respondi a Agostinho no post "Lei dos escutas".
E, agora, ao Mocho atento.
Só agora li este texto.
Nada do que nele se diz contradiz o que afirmei.
A expressão histórica dos valores não nega a sua realidade.
Os valores carecem de realização em cada momento histórico e a sua afirmação permite a realização da Humanidade.
Todo o processo humano é histórico.
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