14 janeiro 2005

Noites

Há noites de uma clareza que assombra,
que nos põe em guarda,
que nos deixa a certeza
da brevidade de tudo.

Noites de cristal.

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A noite é o incendiar
da labareda oculta,
do desejo.
Tudo começa ao pôr-do-sol
na evidência das cores refletidas no céu.

Depois estende-se ao meu corpo
que espera o teu.

É tarde, meu amor.

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Há noites que são estradas
por onde correm nossas idéias.
Tentamos acompanhá-las
com as mãos febris,
para que não nos fujam.

Mas a noite é um lugar vasto
e vastas são também as idéias.


Silvia Chueire

1 comentário:

Silvia Chueire disse...

Caro Olho Vivo,

Agradeço a atenção das suas palavras, a leitura dos poemas. E saber que eles tocam, que fazem pensar, é muito bom.
Entretenho-me sorrindo a pensar se é a poesia que dá sentido ao amor, ou o contrário.
Não sou o que escrevo, sendo ao mesmo tempo rigorosamente o que escrevo.
A poesia está no mundo. O poema sai da caneta que está nas minhas mãos regidas pela minha cabeça, que é outro mundo. De idéias, este , e sentimentos. Interrelacionam-se os dois.
Pessoalmente não pretendo viver num estado poético (se é que isto existe). Mas pretendo viver de modo que haja coerência entre a minha vida , o que penso e o que escrevo.

Um abraço,
Silvia Chueire