29 janeiro 2005

Nota impressiva sobre o jantar-debate

Atrevo-me a imaginar a Professora Doutora Maria José Moutinho Santos, a simpática convidada do jantar-debate do Incursões, a mergulhar no mundo mais ou menos blindado dos tribunais e da prisões, a vasculhar papéis esquecidos e bolorentos, a pedir por favor uma ajuda a funcionários mal-dispostos, a ser olhada com desconfiança pelas hierarquias dos tribunais, na sua busca para escrever sobre as prisões do liberalismo. Atrevo-me a imaginar a investigadora a tentar decifrar a linguagem codificada dos ofícios confidenciais e mesmo dos não confidenciais, mas que acabam por ser pouco menos cifrados e que não são de fácil leitura, tão-pouco para quem é obrigado a lidar com eles todos os dias. Atrevo-me a imaginar os dias e meses gastos a tentar decifrar o que leu, a sistematizar o que leu, a dar corpo a uma tese que todos pudéssemos entender. Como entendemos.
Lamento não ter podido ficar até ao fim.
Ousei levar o meu filho comigo ao jantar por sugestão de várias pessoas - não tinha outra hipótese que não fosse demasiado cara -, ele que, hoje - cirurgicamente hoje -, tinha sido um bocadinho retalhado no hospital e estava praticamente mascarado de pensos, ainda que bem disposto apesar disso e do sono, e ainda foi capaz de umas tiradas engraçadas durante o jantar. Mas, afinal de contas, o JP é, por interposta pessoa, uma figura deste blogue...
Ousei, também, convidar dois jornalistas ligados às coisas da justiça, que lá estiveram, na tentativa de ajudar a demonstrar que os agentes da justiça e da comunicação social não têm que se olhar de esguelha, mesmo quando sei que é preciso separar as águas, não vá acontecer com os magistrados o que normalmente acontece com os políticos e as relações descambem em envolvências demasiado próximas.
E ousei, ainda, convidar jovens advogados, em princípio de carreira, para que olhassem para magistrados no topo da carreira e não se sentissem assustados. Como eu me senti assustado, com a idade deles, quando pleiteei no Supremo...
Vamos começar a pensar no próximo evento? É que eu gosto destas coisas e de estar com as pessoas boas que já conheci por aqui.

2 comentários:

Kamikaze (L.P.) disse...

Parabéns ao L.C. e ao Compadre Esteves,organizadores do evento. Tudo correu bem: o ambiente era descontraído, a conversa, encontros ou reencontros entre os convivas muito agradável, a palestra solta, interessante e enriquecedora. De assinalar também a amabilidade calorosa do Director da U. Católica, Professor Doutro Arnaldo Pinho, que fez questão de ser mais um entre nós.

Eu, ainda por cima, tive o privilégio de ter sido convidada pelo Compadre para um tour cultural guiado, hoje de manhã, ao Marco de Canavezes... Como se já não bastasse o mimo que, tal como o LC, me dispensou desde o momento em que cheguei ao Porto, sempre com direito a transporte VIP... Bem hajam.

Primo de Amarante disse...

Estou feliz por saber que o Carteiro e todos os outros incursionistas gostaram do evento promovido por L.C. Na próxima tudo cortrerá ainda melhor. O Compadre L.C. estará menos "nervoso" e haverá menos gente a faltar. Tudo correu bem: até o preço (aumentado à última hora devido às faltas) foi mesmo à justa. Tudo certinho e direitinho.