01 fevereiro 2005

Episódios de pré-campanha

Francisco Louçã e Pedro Santana Lopes revelaram, até ao momento, os piores episódios da pré-campanha eleitoral: Louçã, no debate televisivo com Portas, quando, insidiosamente, tentou entalar Portas com a sua vida privada, com o fabuloso argumento de que o líder popular não pode falar sobre a vida porque nunca gerou uma vida; Santana, num comício de mulheres em Braga, quando, não menos insidiosamente, tentou entalar Sócrates com a distinção entre colos de mulheres e os outros colos de que os adversários supostamente gostam.
Louçã tentou desvalorizar a situação. Santana sentiu-se ofendido porque as pessoas pensaram que ele disse o que não quis dizer, longe dele tal pensamento.
O clima desta pré-campanha não augura nada de bom.
Mas importa sublinhar o seguinte: o tom não é verdadeiramente novo. Em pelo menos uma autarquia deste país, quem se arrisca a ser candidato contra "o-todo-poderoso" tem de ouvir destas coisas e muito mais. Insinuações torpes, suínas... Ameaças mais ou menos veladas, vigilâncias, fotografias através de telemóvel, cartas anónimas...
Tudo isto é grave. O que era uma excepção, parece estar a tornar-se corrente na vida política nacional. Mete nojo!
Tudo isto, obviamente, sem descurar uma questão importante: a vida privada das figuras públicas é menos protegida do que a das figuras anónimas. Como também é verdade que andam por aí lobies que são verdadeiros poderes de facto que dominam o país. E de que maneira...
Uma coisa é certa: depois desta campanha, nada voltará a ser como antes... Por isso, não espantará se, daqui a uns tempos, algumas figuras deste país decidirem abrir o "jogo", como fizeram alguns políticos europeus, assumindo as suas preferências... de vida.

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