Conheço muitos militantes e simpatizantes do PSD que vivem momentos de angústia. Não decidiram, ainda, se devem votar no PSD - ainda que a contragosto -, para que a derrota não seja demasiado copiosa e a vitória do PS demasiado estrondosa, ou se, ponderadas as coisas, devem abster-se ou votar em branco, de forma a fazer caír Pedro Santana Lopes, em quem não confiam e em quem não se revêem.
No ponto em que as coisas estão, a queda de Santana Lopes seria um bem para o PSD e para o país. Eu não sou um anti-santanista primário. Mas, depois do que tenho visto, creio que o PSD e o país têm tudo a ganhar sem ele. Mesmo quando as alternativas não entusiasmam. E não entusiasmam.
"Este nós sabemos quem é". É mais ou menos isto o slogan de alguns cartazes que por aí andam, tentando sublinhar as vantagens de Santana contra Sócrates. Não podia ser pior. Eu sei que Santana não é tão mau como o que demonstrou nestes meses de liderança do Governo. Mas vir dizer que "este nós sabemos quem é", é um verdadeiro tiro-no-pé, atendendo às trapalhadas que foi o Governo liderado por Santana, um homem que, decididamente, não estava preparado para assumir a função.
Ouso supôr que na noite do próximo dia 20, serão várias as vozes que, perante o expectável desastre, vão pedir a cabeça de Santana Lopes. Mesmo as vozes daqueles que hoje são "santanistas". E não tenho dúvidas de que, nessa mesma noite, serão muitos os que vão perfilar-se no apoio a quem se apresente como sucessor e tenha hipóteses de vir a ganhar a prazo. São aqueles que atravessam os vários "ismos" como "cães por vinha vindimada", os "sempre-em-pé", os que já foram "cavaquistas", "nogueiristas", "marcelistas", "barrosistas" e "santanistas", sempre com o mesmo entusiasmo.
Poderá chamar-se a tal persistência espírito de militância, amor à camisola. Eu chamo-lhe oportunismo, o puro oportunismo de quem, a todo o custo, quer manter-se na ribalta, seja com que fidelidades forem, o puro oportunismo de quem vê na acção política a única forma de sobrevivência.
Entendo, por isso, que a queda de Santana Lopes não é, por si só, a garantia da recuperação do PSD. Mais do que a queda do actual líder, importa que haja uma vassourada dos "sempre-em-pé"... A bem da Nação.
01 fevereiro 2005
Os "sempre-em-pé"
Marcadores: carteiro (Coutinho Ribeiro)
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