22 fevereiro 2005

A formação dos professores

No passado fim-de-semana, em casa de uns amigos, tive um exemplo paradigmático do estado em que se encontra o ensino em Portugal. Ao ver um teste de um aluno que frequenta o 7º ano de escolaridade, comprovei mais uma vez como muitos dos nossos professores estão mal preparados: no enunciado do teste, esse professor de Educação Visual e Tecnológica dizia barbaridades como “as matérias que estudas-te” ou “os livros que pesquisas-te”.
A prova do aluno foi avaliada como excelente. E o professor, como e por quem devia ser avaliado? Perante casos destes, infelizmente mais comuns do que seria desejável, interrogamo-nos sobre se será possível dar a volta a este estado de coisas no ensino. A formação e a avaliação dos professores deveriam constar das prioridades do país e dos governos, independentemente da sua cor política. Estará a classe docente motivada para esse desafio ou os interesses particulares e corporativos falam mais alto?
A pergunta essencial é só uma: que jovens queremos formar para o futuro?

4 comentários:

Primo de Amarante disse...

Toda a gente dá erros e isso seria fácil de provar. Os professores e quem lê muito o que os outros escrevem comete, muitas vezes, os chamados erros de empatia. O principal do ensino não é só saber escrever e contar. O fundamental é promover a competência interpretativa, reflexiva e criativa.

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Caro compadre, concordo com o que diz. Mas com erros destes, repetidos ao longo do enunciado várias vezes, é difícil promover a competência.

Mocho Atento disse...

Há dias, a propósito ds utilidade de saber Literatura, um amigo meu, professor conceituado de Português, referiu que era mais importante o uso funcional da Língua do que o conhecimento dos autores.
Parece que, sendo inteligível a mensagem, não é preciso respeitar a grafia! Afinal é tudo uma convenção ! Amanhã muda tudo com o Acordo Ortográfico !

Kamikaze (L.P.) disse...

Como é possível tanta complacência ???!!! JCP, pelo menos esta voz faz coro com a sua. Noutros tempos os professores eram exigentes com a ortografia e com a sintaxe e o que é facto é que os alunos saíam da primária a escrever melhor do que alguns (demasiados) auditores de justiça do CEJ cujos trabalhos tive que ler (e corrigir...). Ser professor exigente passou de moda, o que é preciso é compreender o texto (mesmo que, por escrito, não se saiba alinhar duas ideias de forma inteligível). E se até os professores dão erros crassos acha-se que não tem grande importância. Assim não vamos longe.