22 fevereiro 2005

Pacheco Pereira

A personalidade multifacetada de Pacheco Pereira não deixa praticamente ninguém indiferente. Natural do Porto, foi um dos principais dirigentes da OCMLP nos anos setenta. Chegou ao PSD após intervir na campanha presidencial de Mário Soares em 1985 e, durante o cavaquismo, foi deputado, líder parlamentar e presidente da Distrital de Lisboa – o primeiro eleito por sufrágio directo dos militantes. Vice-presidente de Marcelo, com Durão Barroso foi o cabeça de lista às europeias de 1999 e liderou a lista do Porto nas legislativas de 2002. Não é, portanto, um diletante desconhecedor dos meandros do partido, como alguns, depreciativamente, fazem crer.
A sua corajosa cruzada pública contra PSL deve por isso ser enaltecida, sobretudo quando as suas posições se preocuparam sempre mais com o futuro do PSD, um dos partidos charneira do regime, e menos com os interesses aparelhísticos. Concorde-se ou não com as posições que defende, e eu estou longe de concordar a maior parte das vezes, a sua escrita e as suas intervenções são sempre estimulantes e fazem-nos pensar. Os partidos políticos e a sociedade precisam destes “espíritos livres”, capazes de dizerem sempre o que pensam, independentemente disso ser ou não conveniente aos líderes e às instituições a que estão ligados.
Aliás, Pacheco Pereira tem uma faceta que, a meu ver, o distingue pela positiva da generalidade dos comentadores: as suas teses não ficam pelo plano do palpite inconsequente, visando em todas as circunstâncias uma aplicação prática de políticas por parte de partidos ou governos. Se concordamos ou não com essas políticas, já é outra conversa…

6 comentários:

Gomez disse...

As associações de ideias são tramadas. O Dr. Rui do Carmo fez-me recordar uma das grandes cenas de um grande filme :

“When Brian becomes politically involved with the People’s Front Of Judea (not to be mistaken with the Judean People’s Front, the Popular Front of Judea or the Judean Popular People’s Front) you know it will end in tears.”

Kamikaze (L.P.) disse...

Ah Ah Ah...! Rui do Carmo pôs os pontos nos is e Gomez os is nos pontos.
Será que, agora que passou o período leitoral (ainda que não no PSD, enfim)será que o Incursões volta aos bons tempos dos comentários e debates (melhor ainda, dos saudosos chats)?

Gomez disse...

Espero bem que sim, cara Kamikase. Fazem falta! (mesmo aos que, como eu, muitas vezes só os liam a posteriori...).

Primo de Amarante disse...

O Rui do Carmo tem toda a razão. O meu amigo "Pedrro" Baptista (deputado do PS e cronista no C.P)podia confirmar muita luta verbal (e radical) que havia entre os dois grupos. Diz-se que a tradução de um manual de guerrilha urbana foi feita por Pacheco Pereira. Conheci o manual, mas nunca pude confirmar a autoria da tradução. Estava bem feita!
Pacheco Pereira pouco antes do 25 de Abril entrou na clandestinidade e só se formou depois do 25 de Abril. Penso que acabou em História. Deu aulas na preparatória de Espinho. Foi sempre muito considerado sob o ponto de vista intelectual. Antes de se formar já tinha escrito um livro sobre o movimento operário em Portugal.O Queiros tem dois irmãos e todos foram da OCMLP: são dois jornalistas e um está(va) nas Finanças, em Coimbra. Já nada têm a ver com o passado heroico! Para além do Penafort, há outro que também já faleceu, mas já não me lembra o seu nome. O Rui Losa é um arquitecto de sucesso (com mérito!)na CMP.

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Lamento o erro de identificar Pacheco Pereira com a OCMLP. Como na altura era ainda uma criança(!), esse erro deve-se a alguma confusão de leituras cruzadas sobre os movimentos marxistas-leninistas no Porto. Ainda bem que há bloguistas atentos!

armando carvalho disse...

Alinhei nos núcleos, aí por 72. Na altura havia os pop´s que era como a gente chamava aos da lista "por um ensino ao serviço do povo", não sei se afecto ao PC(ML) ou ao PC de P(ML). Também havia os "ousados" (ousar lutar,ousar vencer), que eram afectos ao grande educador da classe operária. Os núcleos sindicais eram um movimento estudantil (pelo menos no Porto)que pretendia formar associações de estudantes no ensino secundário. Percebi, pouco antes do 25 de Abril, que era afecto à OCMLP, e fiquei simpatizante/activista da organização. Nunca fui recrutado. O pedrro foi para o ps, só entou soube que era da ocmlp.não ovi na mesa do congresso da nazaré.lembro-me do carneiro, do aleph,do salvador, da berta, da ana banana, do queiroz,da dália e da amiga (uau!), do joaquim, e doutros que não digo, mas...pacheco pereira?nunca vi. e se visse era difícil esquecer...