20 fevereiro 2005

Reflexões

Tenho andado fugidio, eu sei, não por qualquer razão especial, é apenas a dureza dos dias. E estou de volta, pelo menos hoje, em que tinha de vir aqui para esclarecer posições, não vá alguém pensar que fujo ao combate ou que escondo as mudanças de opinião.

Tive um sábado tramado, um sábado de profissional liberal - os tais que não pagam impostos (dizem os politicamente correctos), mas que têm de trabalhar para poderem sobreviver. Só jantei, uma sopa e um prego em prato, coisa a que já estou habituado. Não fiz algumas coisas que me apeteciam, mas, pronto, é a vida.

Saí à noite. Coisa que já não fazia há uns tempos, desde o fim de semana cultural para as pessoas que vieram de Lisboa. E, curiosamente, fui aos mesmos sítios, alterando apenas a ordem dos sítios. Fui com pessoas de quem gosto. Fui, também, porque precisava de me alhear das coisas e dedicar algum tempo à reflexão. Pois, sábado era dia de reflexão eleitoral.

Chegamos ao ponto. Disse aqui, não me lembro quando, que não votaria nestas eleições. Que já não acreditava em nada. Mais tarde, disse aqui que o sectarismo da esquerda poderia levar-me a mudar de ideias e a ir votar. Pois...

Amanhã vou votar. O eleitor nº 6 da freguesia de Soalhães, concelho de Marco de Canaveses, Joaquim Manuel Coutinho Ribeiro, vai votar. E vai votar no PSD. Não porque esteja entusiasmado com Santana Lopes, não porque entenda que o país fica bem servido com Santana Lopes e com o seu companheiro de estrada Paulo Portas.

Voto PSD, porque não vejo em que melhor posso votar. Aquilo que Santana não conseguiu - levar-me a votar -, conseguiram Sócrates e Louçã. Sócrates é menos que Santana, é uma espécie de aparição sem a mística das aparições. Louçã é um senhor insuportável, já não consigo ouvi-lo, de tão perfeito que quer parecer. Restava Jerónimo. E Jerónimo é simpático, é afável, é muito melhor do que Carvalhas. Mas, enfim, a esquerda tem-me "explicado" que não devo votar na esquerda marxista-leninista, porque a esquerda nunca seria capaz de votar na direita, ainda que fosse no super-homem da direita...

Leio nos jornais que o voto de hoje é sobretudo um voto contra. Pois é. O meu também. Só que em sentido inverso.

(Quanto ao resto, quero que fique bem claro: em termos de interesse pessoal, é-me indiferente quem ganha. Não estou à venda...).

E uma nota final: ganhe quem ganhar, que seja capaz de nos devolver a vontade de continuar a ser um país. Uma nação. Um povo.

1 comentário:

Kamikaze (L.P.) disse...

Sem dúvida, ainda bem que vai votar, amigo carteiro, embora o seu voto, como o de tantos outros que zurziram até mais não poder no PSL, me pareça muito pouco coerente! E não me venham com a treta de que vão votar no partido e não seu chefe - o PSD vai arrebanhar mais de 30% e o PSL vai aguentar-se à bronca! E afinal, do que é que um homem moderado e conservador como o amigo carteiro tem a recear de uma maioria absoluta do PS???? Menos do que tem a recear de uma maioria relativa, não será? No mais, estou com o Gastão e agrdeço a Sócrates ter-me ajudado a decidir o meu sentido de voto. Se alguma vez esteve próximo da maioria absoluta, perdeu qualquer hipótese durante a campanha!
Obrigada também - e muito - a um bom amigo que não preciso nomear porque sabe bem quem é.