25 fevereiro 2005

Sucessão laranja

Eu tenho consideração por Marques Mendes. Fui ajudante de Luís Filipe Menezes, no tempo em que o edil de Gaia foi ajudante de Mendes no 3º Governo de Cavaco Silva e, durante esse tempo (pelo menos nesse tempo), conheci-os.

Marques Mendes, nos últimos congressos do PSD, surpreendeu-me positivamente, com as suas intervenções bem sustentadas, bem articuladas e corajosas. Menezes, pelo contrário, é um azarado dos congressos. São, quase sempre, os seus momentos maus.

Não consigo perceber por que razão aparecem, agora, ambos, como adversários na luta pela liderança do PSD. Eles, que sempre fizeram um caminho tão próximo...

Vi a entrevista de Mendes, ontem à noite, na RTP 1. Não gostei. Achei-o demasiado defensivo, pouco fluente, pouco consistente.

Não vi a apresentação da candidatura de Menezes. Li, apenas, algumas coisas que disse. Pelo que li, esteve bem. Mas há uma coisa que eu acho, muito mais importante do que aquilo que Menezes disse: Menezes não devia ter-se candidatado. Neste momento.

Ao contrário do que muitos pensam, Menezes é culto, bem preparado, inteligente. Até podia dar um bom líder para o PSD. Mas acho que poucos vão perceber por que razão Menezes se apresenta contra Mendes. E isso pode ser-lhe fatal.

Porque os conheço, não me espanta que, no Congresso, caiam nos braços um do outro - Menezes com o olhar embargado pelas lágrimas - e façam uma distribuição de poder.

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