Um destes dias, tinha equacionado um texto sobre o "Apito Dourado". Assim uma coisa elaborada. Decidi não o fazer, porque as circunstâncias se modificaram nos últimos dias: fui constituído advogado de um dos mais recentes arguidos do processo. Daí a retracção...
Todavia, o que li nos jornais dos últimos dias animaram-me a não esquecer o tema. O que eu tencionava escrever era mais ou menos isto: o processo está a tornar-se numa coisa absolutamente desinteressante. O cerne da questão resume-se a arbitragens e a ligações perigosas entre agentes do futebol. Mas tudo dentro do futebol. Como se o futebol fosse a coisa mais importante deste país. Eu quero lá saber se o clube X ganhou ao clube Y porque houve tráfico de influências... E, para além dos fanáticos, alguém mais quer saber? Os contribuintes ficarão satisfeitos ao saberem que o dinheiro dos seus impostos é gasto a tentar descobrir estas coisas de faltas mal assinaladas?
Quando o processo começou, eu pensei que, finalmente, iria percorrer-se o caminho das ligações perigosas entre o futebol, as autarquias, os empreiteiros, coisas que verdadeiramente interessam ao presente e ao devir do país. Mas, não, nada disso, segundo as últimas notícias. Que frustração!
As escutas são nulas? Pois, parece que sim. É comovente que num processo desta envergadura e com os figurantes conhecidos não tenha havido cuidados acrescidos no respeito pela regularidade processual. Mas isso agora não interessa nada... Afinal o objecto do processo é uma coisa menor...
20 março 2005
Apito de lata
(Aproveito para esclarecer que o meu arguido não foi apanhado em escutas. É arguido porque, com as suas denúncias, ajudou a despoletar o caso. O que também é curioso...)
Marcadores: carteiro (Coutinho Ribeiro)
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4 comentários:
Meu caro Coutinho Ribeiro,
Confesso que os ventos que sopram em Lisboa sobre a matéria em questão não são animadores. Não sei se o ouro que se antevia se transfomará, como vc prognostica, em lata.
Aguardemos!
Um abraço
Carlos Rodrigues Lima
Pois é. A investigação parece que já anda em árbitros e dirigentes dos campeonatos distritais! A montanha vai parir um rato?
Um abraço para o dito cujo arguido, que ousou denunciar mesmo sabendo que isso seria o fim da sua carreira na arbitragem, como se veio a verificar.
Não sei quais a criaturas que a montanha irá parir, mas parece - e não sei se estou a violar o segredo de justiça - que a Relação do Porto tem identificado as anomalias, sobretudo formais, o que para este tipo de campeonatos também contas.
Digo isto baseado no acompanhamento que a camarada Tânia Laranjo tem feito do caso. E não vi ninguém a desmentir nada.
Um abraço Coutinho ribeiro
Carlos Rodrigues Lima
Um Colega nosso, dirigente de um pequeno clube de futebol, lamentava-se que havia alguns sócios que o culpavam por não saber defender os interesses do clube. Afinal, nem tinha sido escutado, nem tinha telefonado para ninguém, nem sequer era testemunha!...
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