18 março 2005

Declaração de princípios

Houve um tempo, em que isto era Os Cordoeiros. Tinha uma impressão digital própria, vinda da Cordoaria (ou de parte dela), blog "dedicado a temas (sobretudo) da área judiciária." Havia regras próprias, havia postais que eram impublicáveis, porque poderiam contender com os princípios da Cordoaria.
Depois, isto passou a ser uma instância de retemperação. A impressão digital originária continuou, mas de uma forma muito mais esbatida. Já não era uma conversa sobretudo à volta do judiciário e do sistema de justiça, mas um espaço onde pessoas do direito e de outras áreas podiam trocar impressões, dizer coisas sérias sobre o direito e para além do direito, outras vezes coisas simples e banais. E eu tornei-me especialista das coisas simples e banais, com os meus postais intimistas, com as minhas provocações inofensivas, com os meus silêncios sugestivos.
Tal como disse aqui um dia, pela minha parte eu tentei que isto fosse um blog "familiar", um espaço de convívio, uma janela policromática para o mundo. Com polémicas, certamente (assim se faz um blog, não é?), mas sempre com os olhos postos na retemperação. Se não entendesse as coisas assim, o tempo que aqui perco, gastá-lo-ia a escrever coisas supostamente mais sérias para os jornais e ganhava dinheiro com isso.
Muitas vezes, calei-me. Completamente em desacordo com posições radicais que por aqui se estenderam. Em desacordo com o facciosismo. Em desacordo com a ortodoxia. Em desacordo com os dogmas. Creio que nunca me senti desconsiderado e creio que nunca desconsiderei ninguém.
Entendo isto como um espaço plural. Como um blog onde cabem todas as opiniões. Como uma tertúlia diversa, que - apesar disso - não transforma este blog num "albergue espanhol" ou, mais simplesmente, num "albergue". A não ser que haja quem entenda que a divergência de opiniões num mesmo espaço seja um albergue (espanhol ou não).

Gostava que as quezílias - as que funcionam em circuito fechado e as outras... - não passassem por aqui. Entendamo-nos: isto não é um blog do Ministério Público. Nem um blog das guerras do MP. Ou então, sou eu que estou enganado. Se tiver a certeza disso, "mais dia, menos dia, sem aviso..."...

2 comentários:

Kamikaze (L.P.) disse...

Pelo contrário, LC, parece-me é que é tempo de deixar os balneários! Você é o capitão da equipa e esta ressente-se da sua ausência no campo. É assim que penso e é também esta a interpretação que faço do post do Carteiro.

Primo de Amarante disse...

A conflitualidade faz parte da natureza humana. Ir aos balneário, só se for para agarrar a toalha. E, como disse um dia o meu amigo Wittgenstein, todo o intelectual que se preze, é um jogador de boxe. É nisso que nos tornamos ao entrar para o incursões. Que o diga o m.c.r.!...
Não vale a pena, por isso, procurar outra missão histórica. O incursões tornou-se numa espécie de obra aberta por acção do compadre L.C. e corrigiu-se aquele estilo de "atirar a pedra e esconder a mão" que lhe era dada pela possibilidade de fazer comentários com o anonimato. Hoje, graças ao Compadre L.C. tudo se passa de rosto aberto, porque ele reage quando isso não acontece. Mas isso não é uma guerra é uma propedeutica. Não vale a pena considerar guerra as divergências de opiniões ou outro tipo de pequena conflitualidade que vai tendo a sua resposta na altura oportuna.
Talvez só precisamos de mudar de luvas para não aleijar muito o parceiro, seja ele de que corporação fôr. O que é preciso é saltar para o ringue e não ficar nos balneários.