Pronto, é verdade, ainda não arranquei para Espanha. Imprevistos de última hora impediram a partida. Imprevistos pouco importantes, mas que se tornam relevantes quando se trata dos interesses essenciais de quem procura a nossa ajuda profissional, tantas vezes sem retorno a não ser a solidificação da amizade ou a noção de estarmos a lutar pelo que é justo.
Mas confesso que fiquei um bocadinho frustrado pela falsa partida. Sinto uma enorme fome de estrada, sinto uma enorme vontade de voar por aí, eu que tanto voei por aí e que me tenho acomodado às curtas distâncias da rotina. Preciso de ar, de atravessar fronteiras no sentido literal da palavra. Preciso de um ar novo, que me faça sentir que voo mais alto, como o voo alto da águia. Preciso de sentir a adrenalina de outros tempos, preciso das aventuras nocturnas pelas estradas, milhares de quilómetros de carro, sem paragens, por rumos desconhecidos. Preciso de sentir os olhos vermelhos da fixação na estrada e do cansaço dos faróis que vêm de frente. E preciso de sentir a angústia de conseguir ou não conseguir levar a bom porto o objectivo da aventura, do trabalho árduo, da ansiedade que faz cabelos brancos...
Fui assim jornalista. Sou assim advogado.
Masoquismo, dirá a impagável Madame Min. Nada disso. E, aliás, se quer saber, na revisão ao carro na semana passada até me consertaram o ar condicionado. Descobri hoje :-).
03 março 2005
Falsa partida
Marcadores: carteiro (Coutinho Ribeiro)
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1 comentário:
Referia-me apenas ao auto imposto flagelo do frio...
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