08 março 2005

A saga de Rui Rio

Lê-se a reacção de Rui Rio no “Público” de hoje (não está on-line) e não se acredita. Rui Rio recupera a sua melhor forma e assume um discurso populista e chantagista perante a administração central e os portuenses a propósito do “chumbo” do IPPAR à saída de um túnel junto ao Museu Soares dos Reis. É o discurso do “quero, posso e mando” no seu esplendor. Para ele, os agentes culturais são uma seca e um estorvo na sua rota obreirista. Ou as coisas são como ele quer ou, então, não brinca mais!
Não será de estranhar se nos recordarmos que Rui Rio (ainda) é o número dois de Santana Lopes e nunca se lhe ouviu uma palavra de crítica em relação ao estilo e às diatribes do seu querido líder. Nesse particular, esteve muito distante do comportamento de dois dos seus mais destacados apoiantes nas últimas autárquicas, Pacheco Pereira e Miguel Veiga.
Como se já não bastasse o crime que está a ser perpetrado no extremo poente da Avenida da Boavista, temos aqui mais um exemplo da sua falta de sensibilidade e de estratégia para liderar a segunda cidade do país. Se tudo se resumisse a uma qualquer mostra de calhambeques ou a uma corridinha de coches…

19 comentários:

Mocho Atento disse...

Não gosto de Rui Rio. Considero mesmo que a sua gestão foi prejudicial para a cidade.
No entanto, no caso do túnel, parece que tem toda a lógica a sua posição. Os técnicos do IPPAR deviam vir ao local e ver ... A saída do túnel não prejudica o Museu. Parece-me óbvio.
Já na questão da Boavista, é um disparate fazer uma linha de Metro num troço onde não há passageiros. Os próprios STCP cancelaram a carreira que percorria a Avenida da Boavista, por não ter procura mínima.

Primo de Amarante disse...

Sou amigo do Rui Rio, embora não seja politicamente correcto, mas nada tenho a ver com a sua área política. Considero-o uma pessoa honesto e isso é muito raro na política. Além disso, foi ao Marco apoiar uma luta contra um prepotente que, no seu próprio gabinete, espancou um de nós, perante a indiferença do PS, do PSD local e do PCP e numa altura difícil, quando o PSD, pela mão de Filipe Meneses tinha um acordo com Ferreira Torres. Eu não esqueço!
Em relação à posição do IPPAR convém lembrar o seguinte: a posição do IPPAR não é unânime entre os seus técnicos. Depos, 1º, em outras alturas, a Casa dos 24 foi feita passando por cima do IPPAR; 2º este mesmo IPPAR não se preocupou, quando permitiu a construção dum espelhado Shopping em frente ao Museu e um prolongamento gigantesco do Hospital de Santo António, não se indignou com um buraco à porta do histórico Hotel Infante de Sagres e chumbou a boca de saída do túnel a 50 metros do Hospital por estar muito perto e agora aconselha que essa boca fosse encostada à urgência.Entretanto, os prazos para a comparticipação comunitária em 50% do valor da obra podem ser prolongados durante este ano. Talvez esteja no pensamento de alguns elementos do IPPAR criar condições para que a glória do "feito" passe a ser de outros e não de Rui Rio. Entretanto, quem paga o estado caótico que esta situação tem criado, a demora, a papelada, etc, etc. é o contribuinte. Eu não vou nisso!
Quem conhece o que Ferreira Torres fez impunemente na ponte romana do Arco, em S. João da Folhada, fica com dúvidas sobre a independência política do IPPAR.

Primo de Amarante disse...

As propostas do IPPAR são duas: 1ªsaída do tunel junto à saída da urgência, o que tem todos os inconvenientes para as ambulâncias e a Administração do Hospital já demonstrou não concordar; 2ª prolongamento do túnel por toda a rua D. Manuel até à porta principal do Palácio de Cristal. Mas aí, também há o antigo palácio espiscopal e fica por mais cerca de 2,5 milhões de euros, para além dedemorar a fazê-lo mais cerca de um ano.

Primo de Amarante disse...

Tudo o que Marcelo diz no post seguinte (onde não consigo entrar)está certo. É uma tolice recorrer-se ao PR ou à Administração de um Jornal para alterar a linha editorial. Por lei está garantida a independência da redação em relação à Administração ou mesmo ao PR.E contra as noticias consideradas incorrectas há o direito ao contraditório, como se diz.Mas também pode haver uma outra leitura. Como dizia um dirigente político e futebolista muito conhecido, o que é preciso é saber adocicar o bico a certos (não todos) jornalistas e para isso nada melhor do que lhes entregar (e bem pagar)a elaboração de monografias, de revistas, etc. Depois, só podem escrever o que o presidente gostaria que fosse escrito. O contribuinte paga e não protesta. Podemos perguntar: o que levará , p.ex.,Filipe Meneses a ser tão badalado na imprensa?!...Serão as suas virtudes de honestidade intelectual ou de gestor?!... Porque será que está esquecido o facto de Filipe Meneses ter arruinada as finanças da Câmara,ultrapassando em mais de 50% o limite legal da autarquia com a construção do centro de Estágio do FCP?!.. E isso está no relatório da IGF. Será que com outro autarca isso não daria letras gordas na 1ª página?!...
Nada disto justifica o procedimento referido pelo Marcelo, mas ajudam a compreender uma certa "pureza".

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Caro compadre, no meu post critiquei sobretudo o estilo autoritário e autista de Rui Rio. Ele está acima da cidade!
Os argumentos da autarquia e do IPPAR não os discuto, até poque não os conheço em detalhe.
Credita-lhe a ida ao Marco e não lhe debita nada, apesar da amizade?
E a vice-presidência de PSL? E a ligação a Marco António? E a Junta Metropolitana com Valentim? E os (des)apoios ao teatro, ao cinema, ao Rivoli?
O Porto merece claramente mais e melhor.

O meu olhar disse...

As notícias de hoje, dia 9, nos jornais ilustram "a saga". O que me confunde é como é que, nos últimos tempos, apareceu na comunicação social tanta gente entendida em transportes urbanos, requalificação urbanística, túneis, redes de metro, etc. Mas ainda bem que apareceram e, sinceramente, espero que prossigam o papel de reflectir sobre a Cidade.
Mas… o caso do Shopping do Bom Sucesso, o brutal anexo ao Hospital de Santo António, a descomunal Torre das Antas, o Centro Comercial no H. S. João, o edifício em frente do Museu Soares dos Reis, a que poderemos acrescentar as obras paradas, como era o caso do Túnel, Carlos Alberto, Restauração, Carregado, Filipa de Lencastre, Edifício da Pedreira, etc. não constituíam casos bastantes para que se tivesse acordado um pouco mais cedo? Se outra qualidade não tiver pelo menos a actual gestão municipal teve o condão de despertar nas pessoas a coisa pública.
Depois há que ter em conta as responsabilidades que cabem a cada entidade. Não creio, por exemplo, que a decisão de colocar uma linha de Metro na Boavista não esteja alicerçada em estudos qualificados e com uma fortíssima componente técnica. Podemos gostar ou não de ver ali o metro, mas a decisão que a Empresa tomou terá tido em conta, dou-lhe o benefício da dúvida, parâmetros (urbanísticos, ambientais, económicos, etc.) que, na sua óptica, justificam esse investimento. A ser assim, o que é que se contesta? A racionalidade da decisão ou defende-se o gosto de cada um?
O mesmo se passa no que respeita ao Túnel, sendo que neste caso, pelo que concluo das posições em confronto, parece que a solução da Câmara beneficia mais o Museu do que o prejudica, dado que, dizem, melhora as condições de circulação das pessoas em frente ao Museu e aumenta a mobilidade automóvel no local, com a consequente quebra na poluição e ruído.
Interessante mesmo era debater todas estas e outras questões, que têm a ver com a vida de todos, sem fulanizar as causas nem ver anjos ou demónios onde só encontramos pessoas. Interessante mesmo era que os políticos fossem os primeiros a dar esse exemplo.

O meu olhar disse...
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Primo de Amarante disse...
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Primo de Amarante disse...

Não sou dos que pensam que os olhos da amizade podem ser completamente imparciais. Reconheço defeitos ao Rui Rio, mas não aceito que procurem vesti-lo com uma roupagem que não lhe pertence. Em relação às suas ligações com PSL, MA e VL, tanto quanto sei, não são como o amigo diz. Mas sobre isso que poderemos dizer?!... Em todos os partidos há entre líderes relações institucionais que só podem ser explicadas pelos jogos de poder. Temos, infelizmente no PS exemplos abundantes desse tipo de alianças. Como lhe disse, e quem me conhece sabe que é verdade, nada tenho a ver com a área política do Rui Rio. O que ainda conta mais para mim nos políticos è a honestidade nas contas (não receber nada por fora). Essa é uma referência fundamental para a credibilidade do regime. E nisso Rui Rio demarca-se de muitos outros líderes.
O Porto, como Lisboa, Braga e outras cidades merece melhor e queremos sempre o caminho para a excelência. Mas o passado faz jus ao ditado que diz “atrás de mim virá quem bem de mim dirá”.
Finalmente, o que diz "o meu olhar" tem o meu pleno acordo e, pelo que sei, está como eu: nada tem a ver com a área do R.R. Muito pelo contrário!

M.C.R. disse...

Meu caro JCP Espero que tenha ficado explícita a minha concordância com o seu excelente texto. Por isso me atrevi a apanhar boleia para o meu mal amanhado papel. Eu tenho um pecado na consciência: não votei no Rio ( isso também seria demais...) mas votei branco porque, apesar de tudo, pensava que o facto de ele ser mal amado no PSD era um bom sinal. Não era. O homem é teimoso e arrogante. Chefiou uma luta académica pelos maus motivos ( as notas...). Entrou de chancas no conflito com o FCP ( eu cá sou da associação Naval 1º de Maio, quanto mais não fosse pela data). Aliou-se ao mais retrógrado patronato ( os lojistas da D Laura que não propõem nada excepto proibir, proibir e proibir. Pactuou e parece que vai continuar nesse caminho com a tentada negociata dos terrenos do Boavista e consequente multiplicação da área construtiva! Anda num reboliço por causa de uns rallies que acha que vão pôr o Porto nas bocas do mundo ( isto já não e ingenuidade mas tão só tolice). Pôs o Ministro da cultura a dançar com as senhoras da fruta como se isso as dignificasse a elas ou ao ministro ( Nem o Santana cairia numa esparrela dessas!) Despreza a cultura e permite que no Rivoli se despeçam dois agentes culturais para permitir que os lugares vagos vão para duas criaturas familiares dum qualquer bonzo municipal. Etc...etc...etc... Por mais amigo que se seja do João Magalhães a história do Marco não lhe dá mais qualidade. E as histórias com o Público muito menos. A criatura só foi candidata porque o PPD pensava que ia levar uma abada, não percebeu a razão da sua inesperadíssima e imerecidissima vitória e já está de malas aviadas. Bon debarras, como dizem os franceses. Do metro nem vale a pena falar: foi um frete do Governo e server para pagar a factura do parque da cidade. Triste sina viver no Porto. Até a Gaia do Menezes choramingão é melhor!!! Receba um abraço e os agradecimentos pela boleia do
mcr.

Primo de Amarante disse...

Conheci alguns professores do Rui Rio e sempre me falaram dele com apreço, mesmo do tempo em que foi dirigente associativo. Aliás esse apreço foi reiterado aquando procedeu à refiliação de militantes do PSD (acabando com a balbúrdia da multiplicações de filiados) e isso é público. Podia citar alguns professores do RR que são conhecidos por toda a gente, estão acima de qualquer suspeita e confirmariam o que digo. E parece-me estranho que alguém seja escolhido numa assembleia eleitoral de estudantes para ser dirigente associativo pelos motivos que são referidos. Aliás mesmo que isso fosse verdade, ser dirigente associativo por causa das notas diz sobretudo mal de quem dá as notas do que de quem é dirigente. Na política faz-se os mais estranhas boatos e absurdas especulações e todos nós sabemos bem disso. Para terminar, vem-me à memória o seguinte poema de António Gedeão:
“Inútil seguir vizinhos
Querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D.Quichote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

Só mais duas coisas:
1ªsobre a cultura pessoalmente tomei posição pública na altura discordando de R.R., mas tabém não devemos esquecer que tal como acontece com Camões muita gente a falar da cultura fica rica, enquanto a cultura cada vez está mais pobre. Aliás nunca percebi por que é que certos agentes culturais surgem nos tempos de antena muito empenhados neste ou naquele candidato e depois se queixam que não são apoiados pelo candidato a quem se opuseram.
2º se Filipe Meneses é melhor que RR estamos conversados. O meu paradigma nada tem a ver com tal ponto de vista.

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Subscrevo tudo o que escreveu MCR. Sou eleitor no Marco e por isso não voto no Porto. Mas entendo que a cidade onde vivo merece políticos com outra envergadura e com capacidade para "pensar" uma estratégia global para o Porto. Precisamos dos políticos antes dos contabilistas.

Primo de Amarante disse...

Todos estamos de acordo com isso, caro JCP. O problema em discussão era outro.

Primo de Amarante disse...

E já agora:conhece algum autarca que tenha tido uma estratégia global para o Porto?!...

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Por isso é que o Porto e a sua área metropolitana e o Norte em geral estão como estão! Os melhores, nos vários sectores da sociedade, alheiam-se da política e não estão para "sujar as mãos". É isso que precisamos de inverter. E podemos começar já por ser mais exigentes com os nossos autarcas, aqueles que governam mais próximo de nós (no Marco lá vamos fazendo o que podemos, não é?).

Primo de Amarante disse...

Caro JCP: no Marco ja está decidida a aliança PSD/PP. Uma fotocópia amarelada da continuidade. Quem ganha são os mesmos interesses e o filho do Ferreira Torres dá a garantia.

O exemplo do Marco demonstra que os directórios dos partidos não têm respeito nenhum por aqueles que o servem - é usa e deita fora.
Percebe ao que me refiro. Só espero que o nosso comum amigo, faça estardalhaço, pois confirmou-se o que se suspeitava e justificou-se o seu pedido de demissão de vereador.
Isto só muda com uma reforma dos partidos e do sistema político.

Até lá, pelo parte que me cabe, não hostilizarei as pessoas sérias. Quanto aos outros, por de trás de algum verniz (que nada tem a ver com o respeito pelos princípios democráticos)há muita roubalheira.