01 abril 2005

Folhas soltas do país (dos jornais)

Gondomar
Um dirigente concelhio do PS, Fernando Cerqueira, foi constituído arguido no processo “Apito dourado”. Ao que parece, tinha por hábito informar Valentim Loureiro das decisões tomadas nas reuniões do PS local. Coisa pouca. Cerqueira conseguiu ascender a membro da Comissão Política Distrital do Porto e da Comissão Nacional do PS, é membro do Conselho Superior do FC Porto e é o habitual líder do movimento “espontâneo” de apoio às recandidaturas de Pinto da Costa. Palavras para quê? É um artista português…

Oeiras
Isaltino Morais deu recentemente uma entrevista ao “Expresso”, na qual se afirmava disposto a candidatar-se à presidência da Câmara, dando a entender que nada tinha a esconder ou a esclarecer sobre os casos que o levaram a sair do Governo de Durão Barroso. Aliás, nem entendia muito bem o sentido das perguntas do jornalista. Pelo que se vê, a PJ não é propriamente da mesma opinião e encetou várias buscas a domicílios e escritórios relacionados com Isaltino. Resta saber o que irá agora dizer o “consultor” de ambiente, bem assim como a estrutura local do PSD que o apoiou entusiasticamente. Pela boca morre o peixe?

Porto (1)
O PS decidiu candidatar Francisco Assis à presidência da Câmara. Não me parece a melhor opção dos socialistas para derrotar Rui Rio. O eterno presidente de Câmara mais jovem do país – ganhou em Amarante com pouco mais de vinte anos – tem tido um comportamento algo errático dentro do partido e não tem a “chama” dos vencedores. Não agradará à burguesia portuense e também não entrará com facilidade nos bairros sociais e nas zonas mais desfavorecidas. Travou a obsessão de Nuno Cardoso mas terá que justificar a sua mais-valia eleitoral.

Porto (2)
As obras do túnel de Ceuta parecem caminhar para uma solução equilibrada, afastando a boca de saída do Museu Soares dos Reis. Terá valido a intervenção sensata da nova ministra da Cultura, que conhece o Porto e os protagonistas, para vencer a irredutibilidade de Rui Rio e do IPPAR.
O “Público” de hoje traz esta notícia fantástica, e mais esta, que nos mostram a incompetência, a hipocrisia e os desmandos perpetrados pelos políticos que gerem a cidade. Inacreditável!
O metro do Porto continua agitado para os lados do Hospital de S. João – questão a que já aqui me referi por duas vezes. A administração (ausente) demite-se de exercer o seu papel e a teimosia da comissão executiva vai vencendo a cidade. O que pensam sobre isto os candidatos às autárquicas dos dois maiores partidos?

Porto (3)
Abriram as bilheteiras da Casa da Música e a afluência de público foi um sucesso, demonstrando que o Porto e o Norte esperavam avidamente pela inauguração desta infra-estrutura. O programa de abertura procura satisfazer os diversos públicos e o futuro parece prometedor. Deixo aqui uma referência para um pormenor que, quanto a mim, deveria ter sido evitado: incluir uma marca de bebida alcoólica entre os dois patrocinadores exclusivos da programação de abertura transmite uma mensagem errada sobre os valores que deveriam estar associados a uma instituição como a Casa da Música.

Vale de Cambra
O protesto desencadeado pela Greenpeace e pela Quercus à porta da Vicaima acabou aos safanões e às bofetadas. Conhecendo o líder do grupo Vicaima/Finibanco, protagonista dos principais incidentes, não posso deixar de lamentar o sucedido e de estranhar tal comportamento, recordando que ainda há poucos anos o mesmo empresário foi homenageado na sua fábrica pelo então primeiro-ministro, António Guterres. Nos tempos de hoje, em que a comunicação e o marketing são fundamentais, incidentes destes com jornalistas são inaceitáveis e incompreensíveis, provocando prejuízos irreparáveis à imagem das empresas envolvidas.

3 comentários:

M.C.R. disse...

1. Não faço parte da corte de admiradores de Assis e concordo mesmo com o termo "errático" aplicado ao seu ziguezaguear pelo meio do mar da palha que é o PS portuense. Todavia guardo uma imagem na memória: a de Assis, muito pálido mas decidido, a marchar em Felgueiras no meio de insultos, ameaças, impropérios e agressões. Nesse dia, se calhar, ele foi maior do que ele próprio, como o homem do leme da "mensagem" de Fernando Pessoa.
Esse pequeno momento de honradez pessoal e política e de coragem física é para já suficiente para me comoverem e merecerem o meu voto.
Um canhoto velho e esquerdista tem destas coisas!
2. as diabruras do metro não param. Com a prestimosa ajuda da Câmara Municipal e do indíviduo que por lá manda, desta vez são os carris, novos em folha, do viaduto do parque que são arrancados para que o espaço assim libertado sirva de local de partida para o rally das D. Elviras. Parece que a coisa vai para mais de um milhão de euros.
3. As diabruras do metro e da Camara não param:finalmente veio a lume a história espantosa do túnel de acesso ao parque da "casa da música". E é assim: fizeram uma entrada que custou os olhos da cara mas depois taparam-na o que também terá custado "algum". !!! O espaço assim libertado já fica para o metro!
4. as diabruras da câmara também não param: o túnel de Ceuta agora irá parar mais uns metros à frente: tudo bem? não! A Câmara afinal vem dizer que não há qualquer acordo nisso e que se trata de um balão de ensaio do malvado IPPAAR para enganar o povo. Em que ficamos? A Câmara e o cavalheiro que por lá manda querem acabar a obra o mais depressa possível para ver se as eleições lhes correm de feição.
Conclusão: num país civilizado (Bechuanalandia, Quirguistão ou outro semelhante) esta câmara e este metro já estavam num local onde não pusessem em risco os nossos impostos e a nossa dignidade...). aqui...é o que se vê!
mcr

Primo de Amarante disse...

O "camarada" Cerqueira representa paradigmaticamente o espírito do aparelhismo partidário. De trolha passou a empregado da Petrogal e logo a seguir administrador das águas, em Gondomar, com direito a carro e tudo o resto. Ao mesmo tempo passou de militante a "chefe de secção" e de elemento do sercretariado da Federação a elemento da comissão política nacional do PS. Tudo porquê?!... Porque com a mesma velocidade com que conseguia assinaturas para o FCP, conseguia votos para alguns dirigentes do PS. A sua secção é uma das maiores do Partido e isso dá-lhe uma força política que acumulada à capacidade de influenciar o tornou num militante poderoso indispensável a quem quisesse ganhar um directório político. Esse poder de influenciar tinha um preço que era pago em cargos e na "satisfação" de pedidos que rapidamente se transformaram em cumplicidades.Mas os cerqueiras como os Cerqueira de Gondomar são todos iguais: servem quem lhes "paga" melhor.E quem lhes paga melhor pode ser do PS, do PSD, ou ser um qualquer "pato bravo". O apelo às bases resulta sempre na "produção" de cerqueiristas. Se a reforma do sistema político e dos partidos não vier, que pelo menos funcione a polícia.

M.C.R. disse...

Quanto ao tal "cerqueira" de que me esqueci e que, felizmente não conheço (Deus nos livre desta gentuça e do herpes!!!, Abrenuncio!) no meu tempo de bibe e calção, em Buarcos, arrabalde piscatório da Figueira da Foz, havia uma palavra que caracterizava indivíduos desse jaez. Vou dizê-a em alemão porque é mais expressivo: Scheisseaugen!!!
Peço ao autor dest post o favor de, para o futuro, quando tratar temas deste teor, pôr uma estrelinha antes para significar o elevado teor escatológico do mesmo. Só para prevenir as almas sensíveis e a gente honrada.
mcr