1. Uma volta pelos "policiais" para desenjoar dos best-sellers que aí pululam.
Admiradores de Dashiel Hammet e de Raymond Chandler: encostem ao lado que aí está uma carrada de novos autores para consumir!
Comecemos por um que nem é novo nem está vivo: Manuel Vasquez Montalban. A "Asa" (que está a publicar um "Simenon" integral e uma Agatha Christie em novas e melhoradas traduções) promete a integral da série "Carvalho". Para quem não sabe, Pepe Carvalho é catalão filho de pai galego, militou no PCE e fez, mais tarde, uns fretes à CIA. Mais velho e mais cansado abriu um agência de detectives em Barcelona e lá vai resolvendo um que outro caso, no intervalo de belas comezainas. Próprio para gourmets e gente que quer ler inteligentemente.
2. Abramos caminho a uma senhora: gorda e não especialmente jovem. Vive no Botswana e intitula-se a primeira mulher detective desse longínquo e amável país. Humor, uma profunda humanidade e histórias tão enganosamente simples que até o leitor desconfia. Cheira a África por todo o lado. O autor: Alexander McCall Smith, nado e criado no Zimbabue. É na Presença que saem os (até agora) 3 livros: "a agência nº 1 de mulheres detectives", "as lágrimas da girafa" e "moralidade e raparigas bonitas". Ah, já me esquecia. A senhora detective chama-se Ma Ramotswe e gosta de chá de roibos.
3. A Ambar atirou para a rua um detective feio, gordo e de maus costumes. Chama-se Peabody e é, na medida do possível, um fiel defensor do Raj britânico, ainda nos fins do seculo XIX numa Índia que já não há. Despreza os seus compatriotas e percebe os "nativos". Os superiores apreciam-no mediocremente. O autor é Patrick Boman. Ironia e displicência com um perfume de caril.
4. Um cavalheiro americano que dá por Tonny Hillermann deu vida a uma parelha de detectives índios (navajos, ainda por cima!) que lá vão fazendo o possível por manter a lei num território desértico entre o Arizona, o Novo México, o Utah e o Colorado. Subitamente, para lá da aventura policial, é um mundo novo que se nos aparece: a cultura dos navajo, a cosmogonia e o modo como "eles" nos vêm. Imperdível. Foi publicado na Caminho e na Tágide.
5. No ano de 2002, sete dos dez livros mais vendidos em Itália eram da autoria de um cavalheiro de setenta e tal anos chamado Andrea Camilleri. Escreve livros passados numa mítica "Vigata", autêntico resumo, dizem, da pequena cidade siciliana. O seu heroi chama-se Montalbano e é comissário de polícia. Tão guloso e gourmet como Pepe Carvalho , o seu nome é uma homenagem a Montalban. De vez em quando aparece um policial ambientado no século XIX mas a maioria das histórias ocorre no nosso tempo. Subtil, sarcástico e com o q.b. de cor local necessário. A mafia quase - mas só quase - parece simpática.
6. Depois digam que não avisei.
PS: Da Rússia do sec XIX está para chegar um autor que assina B. Akunine (este nome já é todo um programa). Quem souber espanhol já tem 3 livros dele traduzidos aqui ao lado.
Ler pode ser um vício solitário mas dá tanto gozo!...
mcr
01 abril 2005
Farmácia de serviço nº 4
Marcadores: Farmácia de serviço, mcr
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1 comentário:
Estas farmácias de serviço são um verdadeiro serviço público!
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