Sócrates, não o outro, foi a uma escola e anunciou aulas de substituição obrigatórias, quando se verificar a ausência de professor.Aplausos gerais.
Ora o verdadeiro problema é o absentismo sistemático de alguns professores, com total falta de respeito pelos alunos, pelos pais e por outros colegas que cumprem zelosamente as suas funções. Ao começar pelas aulas de substituição, um mero paliativo pouco eficaz, sem atacar o problema de fundo, está a normalizar-se o absentismo, dando-se um sinal de que a bandalheira vai continuar. Ou seja, em Portugal é logo na escola que se aprende a viver na golpada do falso atestado médico e da falta por tudo e por nada. É claro que isto interessa aos colégios, que apresentarão triunfantes as notas excepcionais dos seus alunos, comparadas com os das escolas dos pobres. Nada mau para um governo socialista. Então, ó Sócrates, o teu impulso reformador só chega aos tribunais e às farmácias ?
06 abril 2005
Sócrates na escola
Marcadores: Rebeldino Anaximandro
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2 comentários:
A medida anunciada pelo 1.º Ministro é, do meu ponto de vista, uma boa medida. Assim dote as escolas de recursos e/ou mobilize os actuais para a aplicar.
Tem de se começar a mexer por algum lado. Nesta perspectiva, colocar os alunos dentro da escola, devidamente direccionados, sempre que os professores faltam, é uma grande medida, que devemos aplaudir e que só peca por tardia.
Quanto à outra questão: a frequência com que os professores faltam e o efeito nefasto que tem na aprendizagem e formação dos alunos, julgo que o Governo deveria, por um lado, desenvolver um conjunto de acções de mobilização das respectivas organizações profissionais e dos próprios professores, no sentido de dignificar e valorizar socialmente o papel dos professores, dando-lhes um sentido de missão, fundamental para o desenvolvimento do país, de que se esperaria uma redução significativa do absentismo. Por outro lado, o governo deveria assegurar a estabilização do corpo docente em cada uma das Escolas, e dar-lhe a forma de um verdadeiro "corpo", o que permitiria uma maior ligação dos docentes à Escola e ao meio envolvente, com o consequente acréscimo de responsabilização e reconhecimento público. Deveria, ainda, definir regras que penalizassem, em termos de concursos, os elementos assiduamente faltosos. Todas as organizações deveriam ter instrumentos de desenvolvimento dos seus recursos humanos, nomeadamente ao nível do reconhecimento dos que exercem com profissionalismo e eficácia a sua função e os que, a propósito de inúmeras razões, se desviam das suas responsabilidades.
Estas ideias, que penso que são comummente reconhecidas e aceites, nada contêm de inovador, só não se entende o porquê da sua não aplicação. Ou entende... A não se fazer nada, então, como diz, o ensino público será cada vez mais o ensino dos pobres, para gáudio dos lobies do ensino privado, a quem este estado de coisas acaba por favorecer.
A "Causa Educação" deveria mobilizar amplas camadas da população, obrigando os poderes públicos a agir, a racionalizar os meios, a dotarem o país de um efectivo sistema de educação público que relançasse o país para patamares bem mais dignos e favoráveis ao desenvolvimento económico de que tanto se fala.
A mim sempre me fizeram espécie as faltas "cirúrgicas" dos senhores professores. Mas mais espécie me faz -se possível - o facto de não se aproveitarem tantos e tantos professores desempregados para prestarem assistência nos estabelecimentos, como tutores, como explicadores, como sei lá o quê...
"O meu olhar" (gosto desse nome...) tem imensa razão quando elenca medidas e situações e quando refere esse desastre que é a queda da dignidade de uma profissão.
Há a ideia generalizada que ser professor é um pouco, mas pouco, melhor do que ser contínuo. O pior é que há professores que o sentem. E alunos que se permitem tratar os professores abaixo de cão. Se calhar tratam os pais da mesma maneira... E pais que tem sobre a escola e sobre os professores ideias extraordinárias...
Claro que, sem defender Sócrates, não se pode esperar que o novo governo possa desde já tomar decisões. Até porque aqui a coisa fia ainda mais fino: gastaram-se milhões e o resultado foi pior do que mau. O analfabetismo triunfa e há uma geração quase perdida.
Teremos alguma vez a necessária coragem de voltar bem atrás e tentar ver onde é que começou a derrapagem?
espero que esta discussão prossiga para eu começar a tentar perceber e a tentar intervir.
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