Por motivos profissionais, ontem atravessei uma boa parte do país para me deslocar do Porto a Castelo Branco, em viagem de ida e volta. Sempre por auto-estrada, umas vezes a pagar, outras à borla nas celebradas SCUT.
É verdade que as auto-estradas aproximaram os vários pontos do país, mas também é certo que, vistas do asfalto, ao longe, as localidades deste nosso Portugal estão cada vez mais iguais: os shoppings, os supermercados das cadeias internacionais, os prédios horrendos, as “zonas industriais”. Que Portugal se constrói pelas mãos dos nossos autarcas e responsáveis políticos?
11 maio 2005
Em viagem cá dentro
Postado por jcp (José Carlos Pereira)
Marcadores: JCP (José Carlos Pereira)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Constroem-se urbanizações de susto, no meio de montes e vales, e outras de luxo, em zona de sobreiros, acompanhadas dos respectivos golfes (para poupar água em zona de sequeiro), tudo em nome do vago conceito de "interesse público" e de outros interesses que de vagamente público nem conseguem ter a aparência.
1 V. porventura esperava que autarcas e restante comandita municipal e municipalizada resistissem ao "faz figura" e "aqui também temos tudo"?
2 o gosto municipal é o que é: o pior é que de vez em quando o gosto dos eruditos não vai muito mais longe: quem se terá lembrado de enfiar a "Casa da Música" na Rotunda da Boavista?
3 as urbanizações de susto vieram substituir as casas de susto, vieram prevenir a alta infame de preços no centro das cidades (cá como em Paris, há que acrescentar), apareceram como panaceia à falta de casas para alugar e a essa hoje peregrina ideia que vale a pena investir na pedra e viver 30 anos com uma hipoteca ás costas.
4 O pior é que essas casas péssimas que se pagam a peso de ouro, daqui a 10, 15, maxime 20 anos estarão totalmente degradadas.
5 quanto ás mansões no meio (da desolada recordação) dos sobreiros parece que hoje o governo acertou no vinte, vide Público.
6 para relativizar um pouco o que acima digo também convém não esquecer o país que éramos aí há 30 ou quarenta anos: que é que víamos? Favelas, pardieiros nas cidades, casas miseráveis em aldeolas sem luz eléctrica, e a miséria, a resignação ou a emigração. O diabo é que para sair daquilo talvez não fosse necessário cair nisto.
Pois não!
Enviar um comentário