30 maio 2005

NADA SERÁ COMO DANTES...

"... se se confirmarem os resultados franceses. Está aberto o caminho a repensar-se a União de forma diferente da dos últimos anos, mais democrática, mais solidária, menos ambiciosa e mais prudente. Melhor para todos os europeus, melhor para a Europa."

Publicado por JPP às 09:10 PM (29/9/05)

Confirmaram-se...

2 comentários:

M.C.R. disse...

Não, não se confirmaram. O que sai do referendo francês é, nem mais nem menos, do que o resultado de uma espúria aliança entre a extrema direita mais xenófoba (Le Pen e De Villiers) com uma esquerda suicidária de relentos stalinianos (PCF, paz à sua alma e que o caminho para o caixote do lixo da história lhe seja abreviado)n e os transfugas do ps que não podendo vencer internamente adoptaram a mesma estratégia dos Doriot & companhia em 1939. Preferem um partido socialista esfrangalhado à vitória, anteontem absolutamente provável, nas próximas legislativas. E quem são os tenores dessa "esquerda" (ah como se usa e abusa das palavras mais nobres...)reconvertida em acusadora do "ouvrier polonais a bas prix"? Pois são o mais incompetente dos primeiros ministros socialistas que Miterrand teve de despedir(Laurent Fabius) e o antigo tesoureiro do ps, arguido e condenado (se não recordo mal) num processo de ocultação de entradas de dinheiro para o partido.
O que determinou o voto francês não foi, nem por sombras, a vontade de uma constituição à esquerda(!!!) mas sim um crescendo de medos e desconfianças que eles confundem ou pretendem confundir-nos com um ataque do "liberalismo" selvagem. Esta gente até já tem medo de falar no capitalismo.
A esquerda portuguesa que se não engane. O voto francês é também contra as nossas empresas de serviços, os nossos operários especializados, as nossas deprimidas indústrias de mão de obra intensiva. Se ocorresse há 30 ou 40 anos não teria havido a emigração em massa para lá, nem hoje falaríamos dos "vacanceiros". A esquerda francesa ao votar como votou mandou às malvas a última bandeira do socialismo de Jaurés a Blum ou Mendès France: o INTERNACIONALISMO.
E há um sabor horrível de blasfémia quando se ouve, e ouviu-se, já desafinada e só com metade da letra, a INTERNACIONAL a ser cantada pelos "comunistas" à volta da senora Buffet.
Esse espetaculo deprimente só tinha par com o champagne bebido pela família Le Pen de um lado e pelos "vendeiens" do senhoe De Villiers por outro.
E por cá? Por cá o José Pacheco Pereira ex-stalinista, ex-maoísta, ex-esquerda liberal dança de alegria com um parceiro a todos os títulos notável: Manuel Monteiro, marido enganado (do CDS) por Paulo Portas. Ao menos estes não enganam. E a procissão ainda vai no adro: a todo o instante chegarão a esta festa os remanescentes do MRPP, bloquistas avulsos e o inteiro bunker de Jerónimo Sousa.Inteiro, como quem diz, que até lá ainda saem mais uns camaradas.
O não francês não melhora as perspectivas da esquerda, antes fortalece os neo-fascistas holandeses, os ultra conservadores dinamarqueses e grande parte do eleitorado inglês que é euro-céptico desde que nasceu. Mas esses, pelo menos, julgam que são primos dos americanos...

M.C.R. disse...

Justamente a Turquia não entrou. E não entrou apesar de ter confessadamente quatro ou cinco milhões de nacionais seus na Europa da UE.
Não entrou apesar de ser um país com maioria muçulmana LAICA. Ou seja, a Turquia é muito menos anómala na Europa do que a Bósnia ou o Kossovo.
O segundo ponto prende-se com a inter-relação entre o económico e o político: enquanto unidade económica só, em roda livre, os cidadãos têm muito menos poder e determinam muito menos o seu futuro do que se tiverem a possibilidade através do parlamento de controlarem as instâncias de poder político (Comissão e Conselho de Ministros).
Isto é fácil? Claro que não e por isso Ras al Gul, com inteligência, põe o dedo na ferida: todos estamos inquietos: o futuro num mundo que deixou de ser bipolar não é vaza garantida para uma Europa gorda flácida e sem filhos. Mas também não é ( ou até é menos ainda) para a Europa de hoje que pode ser um gigante económico mas que é um anão político.
Pergunta capciosa: é a Europa mais importante do que Israel, para um americano?
iremos continuar a agir em ordem dispersa (ou em desordem) perante os conflitos que se geram e para os quais não conseguimos sequer ter voz? Por exemplo: o Iraque.
Temos, nós, europeus, como vendedores (de produtos industriais, de armas, de alimentos etc...) ou como importadores (de petroleo...) algum peso na região? E já nem falo desta última mas ainda da primeira. E não falo só do Iraque mas de todo o Médio Oriente, Irão incluído. Somos sequer ouvidos?
Podemos continuar assim, á balda, ligados tão só por débeis laços económicos enquanto o mundo se organiza?
Então nem sequer sabemos integrar os emigrantes internos, sejam eles romenos ou ucranianos e vamos criando os medos antigos e novos do mouro do preto do chinês?
Porra, a Europa afunda-se ao peso de tanta canela mas os comandantes económicos esses não irão ao fundo com a marinhagem! E nós, todos nós,
os cidadãos, este grupo de bloguistas, somos só os que remam, não os que mandam remar...
Parece que há quem tenha medo do capitalismo. Então isto que temos o que é? A sociedade igualitária?
Para quem teme o capitalismo seria bom lembrar esses esquecidíssimo Marx que afirmava que a revolução socialista só poderia acontecer nas sociedades de capitalismo avançado.
Para azar nosso sucedeu na rússia e foi o que se viu.
A gente continua, se quiserem.
abraços e não se incomodem com o meu tom fogoso: eu não passo de um europeu mais ou menos cosmopolita que ainda se lembra do que era viver num páis antes só que mal acompanhado...